No Terminal 2 do aeroporto de Havana, capital de Cuba, o cenário é de agitação e despedidas. O agravamento da crise econômica e a falta de perspectivas de melhorias na ilha comunista, comandada pelo ditador Miguel Díaz-Canel, têm feito os cubanos procurar por meios desesperados de ir embora do país.
Uma das rotas mais usadas por eles neste momento é a viagem aérea para a Nicarágua, outra ditadura socialista, comandada por Daniel Ortega, que não exige visto dos cubanos desde 2021, e de lá seguir por terra até a fronteira do México com os Estados Unidos.
Essa foi a escolha de Idalberto Echavarria e de sua esposa Olga, que está em uma cadeira de rodas devido a uma infecção na perna. Ambos tiveram que enfrentar o caos do Terminal 2 do aeroporto, que estava lotado de outras pessoas com o mesmo destino, para poder conseguir deixar a ilha e tentar recomeçar a vida em solo americano, segundo reportagem da agência Reuters.
“Para nós, esta era a única opção, e a mais difícil”, disse ele à Reuters, explicando que não tinham aposentadoria em Cuba, nem parentes no exterior, por este motivo não conseguiam também acesso aos programas de entrada legal nos Estados Unidos, como o programa americano que exige um patrocinador que viva no território americano.
Echavarria disse para a reportagem da Reuters que pretendia solicitar asilo por meio de um aplicativo do governo americano, o CBP One, assim que chegasse ao México.
Segundo dados divulgados em outubro pela Agência de Alfândega e Patrulha de Fronteiras dos EUA, cerca de 425 mil cubanos foram encontrados em pontos de entrada no território americano nos últimos dois anos.
Em janeiro, o governo americano implantou uma iniciativa que permite que até 30 mil imigrantes da Nicarágua, Cuba, Venezuela e Haiti entrem nos Estados Unidos mensalmente.
O objetivo era aliviar a pressão da imigração ilegal na fronteira com o México, já que as crises política, humanitária e econômica nesses quatro países geraram um fluxo recorde de pessoas tentando entrar em território americano.
Além disso, a Embaixada dos Estados Unidos em Cuba retomou no início deste ano o processamento completo de vistos de migrantes e os serviços consulares pela primeira vez desde 2017, com o objetivo de estancar o fluxo ilegal a partir da ilha.
Entretanto, a crise em Cuba é tão aguda que os mecanismos legais estabelecidos pelos Estados Unidos não têm sido suficientes para atender a população desesperada.
Muitos cubanos, como Echavarria, ou não têm condições de se candidatar aos programas de vistos disponíveis na ilha ou perderam a paciência enquanto esperam por sua vez.
Outros cubanos disseram à Reuters que o desespero era tão grande para deixar o país comunista que qualquer rota serviria, mesmo que isso significasse tentar cruzar ilegalmente a fronteira dos Estados Unidos. Alguns optaram pela travessia marítima até o estado americano da Flórida, que é mais arriscada e não oferece vias legais de entrada.
A crise em Cuba se agravou nos últimos anos, com escassez de alimentos, medicamentos, combustível e energia elétrica. A inflação no país é uma das maiores do mundo: o índice se mantém na faixa dos 40% no patamar interanual desde o começo de 2023.
A pandemia de Covid-19 e a falta de investimentos afetaram o turismo, uma das principais fontes de renda do país. Além disso, os cubanos enfrentam a repressão do regime comunista, cada vez mais forte, que oprime qualquer forma de oposição ou protesto.
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