O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, continuará hospitalizado ao menos até hoje para se recuperar da agressão que sofreu no domingo, após um comício em Milão, num episódio que evidenciou a polarização na Itália em torno do direitista.
Berlusconi, 73 anos, sofreu uma pequena fratura no nariz e quebrou dois dentes ao ser atingido no rosto por uma minirréplica de metal da catedral de Milão, em cujo pátio discursava diante de apoiadores e de um grupo de opositores. Ontem, ele ainda sentia dor e tomava antibióticos, mas não será submetido a cirurgia, disseram os médicos.
A agressão "ilustra a grave degradação da política na Itália, opinou o jornal La Repubblica, tradicionalmente crítico a Berlusconi e que denunciou os escândalos sexuais nos quais o premiê está envolvido.
Ele também é réu em dois processos na Justiça, por supostos suborno e fraude fiscal. E, no início do mês, foi acusado de ter elos com a máfia italiana.
A sucessão de eventos elevou a pressão por sua renúncia, conclamada em uma marcha que reuniu 90 mil pessoas no último dia 5, em Roma.
O primeiro-ministro nega as acusações, se diz vítima de complô da esquerda e descarta renunciar, enquanto tenta aprovar uma lei que levaria à prescrição dos crimes dos quais é acusado.
Horas após o ataque de domingo, proliferavam na internet grupos de apoio ou repúdio ao agressor do premier, e este, no hospital, disse ver um "clima de ódio contra ele. Já a esquerda afirma que as falas de Berlusconi têm dividido o país. Também foram divulgados vídeos da agressão com apelos a mais violência contra o primeiro-ministro.
Analistas ouvidos pelas agências de notícias dizem acreditar que o episódio deve despertar simpatia interna em favor do premier, que recebeu ontem votos de melhoras dos governos de Estados Unidos e França e do Papa Bento XVI.
O agressor
Identificado como Massimo Tartaglia, 42 anos, o agressor do premiê foi preso logo após o ataque e ontem foi formalmente acusado de lesão corporal qualificada. A polícia diz que encontrou em seus bolsos outro suvenir, um pequeno crucifixo e uma lata de spray de pimenta o que, segundo as autoridades, caracteriza a premeditação do crime. Tartaglia nega.
Submetido a tratamento por problemas mentais desde 1999, ele disse à polícia que "odeia a política de Berlusconi, mas que só decidiu agredi-lo quando já saía do comício e se deparou com o premier. Em carta divulgada por seus advogados, ele pede desculpas e afirma que "agiu sozinho e que não milita em nenhum grupo político.
Seu pai, Alessandro Tartaglia, com quem trabalha em uma gráfica, disse que o acusado "nunca fez mal a ninguém. Nunca fez política ativa, é voluntário do (grupo conservacionista) WWF.