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Santa Cruz de la Sierra – O dia marcado para selar o diálogo entre o governo boliviano e os agricultores do departamento de Santa Cruz de la Sierra – onde se concentram os maiores produtores, entre eles mais de cem brasileiros –, se transformou numa data de desentendimentos. Os agropecuaristas cortaram ontem as conversações com o governo e declaram estado de emergência na agricultura.

A Comissão Agropecuária do Oriente (CAO) decidiu interromper qualquer negociação sobre a reforma agrária – anunciada há duas semanas por La Paz – depois que representantes dos setores sociais simplesmente não apareceram numa reunião da Comissão Agrária Departamental (CAD), em Santa Cruz. Para os agricultores da região, o boicote dos setores sociais indica que há manipulação política no projeto de reforma agrária e que o setor produtivo não será levado a sério.

Os produtores sentem-se ameaçados pela promessa do presidente, Evo Morales, de distribuir milhares de hectares de terra aos campesinos. O governo afirma que mais da metade das terras da Bolívia podem ter a posse questionada, uma vez que não passaram pelo recenseamento iniciado há uma década.

La Paz promete insistir na realização de uma consulta nacional sobre terra e desenvolvimento nos dias 30 e 31 em Santa Cruz. Mesmo que os agropecuaristas não compareçam, a previsão é de que participem pelo menos 300 representantes do comércio, da indústria, indígenas e campesinos, além de líderes do Movimento Sem Terra (MST).

O vice-presidente, Álvaro García, disse ontem que o governo se mantém receptivo. Além disso, prometeu que fará respeitar o direito legítimo à propriedade, mesmo que seja necessário o uso da força. La Paz teme que o anúncio da reforma agrária amplie as invasões de terra no país.

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