Os agricultores da França concretizaram na tarde desta segunda-feira (29) a ameaça de realizar um cerco a Paris após bloquear algumas das principais vias de acesso à capital, enquanto o presidente Emmanuel Macron reunia um gabinete de crise.
Em linha com o que anunciaram duas das maiores organizações do setor, a Federação Nacional de Sindicatos dos Exploradores Agrícolas (FNSEA) e os seus parceiros dos Jovens Agricultores (JA), colunas com centenas de tratores iniciaram bloqueios a partir das 14h (horário local, 10h de Brasília).
Menos de duas horas depois, o site de informações de trânsito da região de Ile de France, onde fica Paris, relatou pelo menos oito bloqueios de rodovias e estradas na região.
Um comboio de dezenas de tratores, convocado pela Coordenação Rural, saiu de manhã cedo da cidade de Agen (entre Bordeaux e Toulouse) em direção a Paris, à qual se juntaram outros pelo caminho, com a intenção de chegar na próxima noite à central de abastecimento de Rungis, nos arredores da capital, para fechar seu acesso.
Por sua vez, o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, advertiu no domingo (28) que, se por um lado as forças da ordem não vão impedir os bloqueios de estradas em torno de Paris, desde que sejam respeitadas as propriedades e as pessoas, intervirão se os tratores tentarem entrar em Paris ou bloquear a cidade ou os aeroportos de Orly e Charles de Gaulle.
Uma unidade antidistúrbios da polícia com vários tanques já tinha tomado posições esta manhã em torno da central de abastecimento de Rungis, a mais importante de França.
O governo, consciente da pressão, anunciou a realização de uma reunião a partir das 15h15 (11h15), presidida por Macron, para analisar a situação, com seu primeiro-ministro, Gabriel Attal, e os ministro da Agricultura, Marc Fesneau; Economia, Bruno Le Maire; Ecologia, Christophe Béchu; e Interior, Gérald Darmanin.
Attal também receberá o presidente da FNSEA, Arnaud Rousseau, ao final da tarde, segundo a emissora RTL.
O primeiro-ministro anunciou na sexta-feira passada uma série de medidas a favor dos agricultores, que os principais sindicatos consideram insuficientes e que os levaram, após uma breve trégua no fim de semana, a aumentar a pressão.
Já Fesneau declarou nesta manhã que o Executivo está preparando outras medidas que serão anunciadas dentro de 48 horas e que o presidente francês incluiu a crise agrícola na agenda da cúpula europeia da próxima quinta-feira (1º).
Segundo o ministro da Agricultura, Macron pretende obter uma nova alteração à obrigação decorrente da Política Agrícola Comum (PAC) de deixar 4% das terras em pousio, bem como limitações à entrada de produtos ucranianos na União Europeia, que foi autorizada para apoiar Kiev no contexto da invasão da Rússia.
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