Depois que as missões Apollo coletaram rochas da superfície da Lua e as trouxeram para a Terra, cientistas passaram décadas convencidos de que o nosso vizinho celeste era mais seco que um osso. Mas eles estavam errados. Há quase uma década, novas tecnologias detectaram a presença de água naquelas amostras de poeira.
Um novo estudo, que será publicado quarta-feira na revista britânica Nature Communications, revela como e quando aquela água foi parar na Lua. Em uma palavra: asteroides.
Após a Lua ter surgido de uma colisão entre a Terra e um planeta do tamanho de Marte há cerca de 4,5 bilhões de anos, ela foi bombardeada com asteroides ricos em água, conhecidos como condritos carbonáceos, por dezenas de milhões de anos ou mais, segundo a pesquisa. O estudo afirma, ainda, que a Terra também foi atingida por aqueles asteroides.
“A Lua pode ser vista como uma cápsula do tempo gigante, que preserva um registro da história dos impactos na Terra e na Lua desde a sua formação”, afirmou a autora principal do estudo, Jessica Barnes, pesquisadora da The Open University, no sul da Inglaterra.
No nosso planeta, esse registro foi em grande parte apagado pelas placas tectônicas, que moveram continentes como peças em um jogo de tabuleiro.
Bola gigante de magma Embora os cientistas hoje tenham certeza de que há água retida na Lua, eles não sabem em que quantidade, disse o coautor Roman Tartese, pesquisador do Instituto de Mineralogia do Museu Nacional de História Natural da França.
“Se extrapolarmos a partir das amostras de Apollo, o interior lunar poderia conter 1.000 trilhões de toneladas” de água, disse Tartese à AFP.
Se de fato há água nessa quantidade, ela provavelmente está presa dentro de minerais na forma de moléculas de hidroxila (OH), acrescentou o pesquisador.
Na superfície, até um bilhão de toneladas de água congelada - o suficiente para encher um milhão de piscinas olímpicas - provavelmente estão alojadas dentro de crateras profundas ao redor dos polos norte e sul lunares, aonde os raios do sol não chegam.
Uma pesquisa recente concluiu que a água “está presa lá há três ou quatro bilhões de anos”, disse Tartese por e-mail.
A água na Lua poderia ter implicações muito práticas. Se futuras missões científicas puderem extrair oxigênio dessas moléculas, os astronautas poderiam respirar e viver dentro de bases na superfície lunar.
Já o hidrogênio, se for separado do oxigênio, poderia ser usado como combustível para foguetes ou operações de mineração baseadas no espaço.
“Isso pode parecer ficção científica”, disse Tartese. “Mas é uma das razões pelas quais várias agências espaciais - incluindo a Agência Espacial Europeia e a NASA - estão desenvolvendo missões robóticas para explorar novas regiões e estimar melhor a quantidade de gelo” na Lua, completou.
Também é possível, segundo os pesquisadores, que parte da água presente na superfície lunar tenha sido expelida por erupções vulcânicas e borbulhado a partir do que foi, anteriormente, um interior de lava.
A Lua, aliás, provavelmente começou como “uma enorme bola de magma”, que foi esfriando e endurecendo progressivamente, disse Tartese.
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