O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, advertiu nesta sexta-feira (4) a oposição a seguir o caminho do fundador da Revolução Islâmica, e criticou Israel pelo ataque desta semana contra uma flotilha de ajuda humanitária que se dirigia à Faixa de Gaza. O líder iraniano falou para centenas de milhares de pessoas reunidas no santuário do aiatolá Ruhollah Khomeini e nas imediações, no sul de Teerã, numa cerimônia que marcou a morte do líder 21 anos atrás.
A revolução liderada por Khomeini depôs o xá, apoiado pelos Estados Unidos, e levou os islamitas linhas-duras ao governo em 1979. "Aqueles que se afastam do caminho do imã serão banidos pelo povo", disse Ahmadinejad.
A dura advertência foi feita dias antes de uma grande manifestação marcada para lembrar o aniversário das disputadas eleições presidenciais de junho do ano passado. A manifestação deve ser a primeira reunião da oposição em vários meses. As autoridades advertiram que vão combater protestos não autorizados.
A oposição iraniana afirma que Ahmadinejad venceu as eleições do dia 12 de junho por meio de fraude. Os opositores protestaram durante meses contra os resultados eleitorais, mas enfrentaram uma forte reação do governo, que, segundo a oposição, matou 80 pessoas durante manifestações de rua.
Mais de 100 opositores e ativistas passaram por um julgamento em massa e 80 deles foram condenados à morte ou receberam sentenças de prisão que vão de seis meses a 15 anos. Hoje, Ahmadinejad reiterou que a eleição foi "100% livre" e acrescentou que "faz parte da minha obrigação proteger o voto do povo".
Crítica a Israel
A comemoração anual da morte de Khomeini é parte de uma cerimônia triste, em parte um ato político para a base de sustentação dos linhas-duras iranianos em meio à elevação de insatisfação pública com a inflação, desemprego, coações sociais e um movimento de oposição que se mantém apesar das ações do governo.
Ahmadinejad, conhecido por sua retórica anti-israelense, usou o palanque do santuário para criticar a ação militar de Israel contra a flotilha internacional na costa da Gaza, chamando-a de "bárbara" e pedindo o desmantelamento do "regime sionista". "Eles perderam seu autocontrole e a capacidade de pensar", disse ele sobre a ação militar israelense que matou nove ativistas na embarcação de bandeira turca na segunda-feira.
O líder supremo do Irã e sucessor de Khomeini, aiatolá Ali Khamenei, também criticou a ação como um "erro" que "mostrou o quão bárbaro os sionistas são". Khamenei, que tem a palavra final em questões de Estado no Irã, também criticou indiretamente os líderes opositores, dizendo que alguns que reverenciavam Khomeini agora "falam de forma diferente" do que antes. Ele também advertiu a oposição a examinar cuidadosamente o que ele chamou de apoio que vem de "inimigos estrangeiros do Irã, inimigos do imã".
O neto de Khomeini apareceu no palanque como faz todo ano no aniversário da morte do avô, mas desta vez seu discurso foi várias vezes interrompido por slogans contra a oposição, gritados por partidários de Ahmadinejad. A manifestação foi aparentemente uma crítica ao apoio de Hassan Khomeini a líderes da oposição.
Khomeini deixou o pódio antes de terminar. "A dignidade do aniversário não merece o que este pequeno grupo está fazendo", disse. A agência de notícias semioficial Irna afirmou que outros parentes de Khomeini que participaram da cerimônia deixaram o local em protesto contra o incidente.
Público
A televisão estatal transmitiu a cerimônia ao vivo, dizendo que ela atraiu a participação de 2 milhões de pessoas, dentre elas mais de 700 mil iranianos que partiram de várias províncias e foram de ônibus até o local.
Khomeini ainda é profundamente popular e respeitado entre os iranianos, incluindo veteranos da guerra de oito anos que o ex-ditador iraquiano Saddam Hussein lançou contra o Irã nos anos 1980. Segundo a emissora, após a cerimônia, houve manifestações contra Israel em várias cidades iranianas após as orações desta sexta-feira.
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