Teerã O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou ontem que eventuais sanções impostas pelo Conselho de Segurança da ONU não impedirão seu país de enriquecer urânio. "Vocês estão enganados se acharem que a nação iraniana irá parar com seu programa nuclear", disse o líder do Irã para uma multidão de partidários em Hashtgerd, 90 quilômetros a oeste da capital Teerã. "A nação é poderosa e não cederá à coerção", afirmou.
Diálogo fracassado
A recusa do Irã em suspender seu programa de enriquecimento de urânio minou o diálogo com a União Européia (UE) que tinham como objetivo deter as ambições nucleares do Irã. Na próxima semana, o CS da ONU deve começar a discutir a adoção de sanções contra o país.
"Faz 27 anos que eles (o Ocidente) não nos permitem usar as tecnologias que eles possuem", disse Ahmadinejad, referindo-se ao tempo em que existem as sanções dos EUA contra o Irã.
Os EUA e o Irã cortaram relações diplomáticas em 1979, depois que extremistas iranianos invadiram a Embaixada americana em Teerã e mantiveram diplomatas americanos reféns durante 444 dias.
"Eles sabem que, apesar de seu desejo, pela graça de Deus e pelos esforços de nossos jovens, a nação iraniana irá remover os obstáculos e seguir em frente na direção do progresso", disse.
Pressão
Ontem, o alto representante da UE para a Política Externa, Javier Solana, que dirige as negociações com o representantes iraniano, Ali Larijani, desde 9 de setembro, pressionou o Irã para que decida se aceita as condições propostas pelo Ocidente e volte às conversas.
Caso contrário, o caso iraniano será encaminhado ao CS da ONU, segundo Solana. "O diálogo não pode continuar eternamente. É hora de os iranianos decidirem se o tempo acabou. Se for o caso, deveremos seguir pelo segundo caminho, que é o Conselho de Segurança", disse Solana.
Prazo esgotado
A secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, afirmou ontem que "o tempo se esgota para a comunidade internacional", se não quiser perder a credibilidade no assunto.
A resolução 1696 do CS da ONU, aprovada no final de julho, dava ao Irã um prazo até o final de agosto para suspender o enriquecimento de urânio, caso contrário seriam impostas sanções.