O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou hoje que o acordo firmado no mês passado entre seu país, a Turquia e o Brasil "ainda está vivo". A informação foi divulgada pela televisão estatal, em seu site. "A declaração de Teerã ainda está viva e pode ter um papel nas relações internacionais, mesmo que as arrogantes potências (do Ocidente) estejam descontentes e furiosas", disse Ahmadinejad, em encontro com o presidente do Parlamento turco, Mehmet Ali Shahin, que visitou o país persa.
O acordo firmado em 17 de maio prevê que o Irã envie 1,2 mil quilos de urânio pouco enriquecido à Turquia. Posteriormente, o país persa deveria receber combustível para seu reator em Teerã. Com isso, aumentaria o controle sobre o programa nuclear iraniano e poderiam ser reduzidas as suspeitas de que o país mantém secretamente a intenção de produzir armas nucleares. Teerã alega ter apenas fins pacíficos.
O documento firmado em maio, porém, foi recebido friamente pelas potências lideradas pelos Estados Unidos, que suspeitam das intenções iranianas. Na semana passada, foi aprovada uma quarta rodada de sanções no Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU), pela recusa dos iranianos de parar de enriquecer urânio.
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã afirmou hoje que Teerã vai protestar contra as sanções, enviando cartas para cada um dos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU. Na votação, apenas Brasil e Turquia votaram contra as novas sanções. O Líbano se absteve. Doze nações apoiaram as sanções, incluindo os membros permanentes e com poder de veto: EUA, França, Rússia, China e Grã-Bretanha.
O ministro das Relações Exteriores iraniano, Manouchehr Mottaki, deve escrever uma carta criticando a "abordagem ilógica" da questão nuclear iraniana, com a adoção das novas sanções. Além disso, pretende explicar a posição de Teerã no caso. "A resolução é ilógica, e nós não permitiremos que ninguém restrinja nossos direitos", afirmou o porta-voz, referindo-se ao direito iraniano de utilizar a tecnologia nuclear para fins pacíficos. O país é signatário do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP). As informações são da Dow Jones.