O plenário da ONU vazio após declarações inflamadas de Ahmadinejad: para EUA, insinuações foram “detestáveis”| Foto: Emmanuel Dunand/AFP

Nova York - Após dias de passos conciliatórios com Washington e de discurso em que Barack Obama deixou claro que a mão continua estendida para o diálogo com Teerã, o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad fez um discurso inflamado na Assembleia-Geral da ONU, no qual criticou os EUA e até sugeriu que o país orquestrou o 11 de Setembro.

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A fala fez com que a delegação americana deixasse a sala no meio do discurso. Representantes da União Europeia e de Canadá, Nova Zelândia, Austrália e Costa Rica, num total de 33 delegações, também deixaram a sessão. Mais tarde, os EUA qualificaram as declarações do iraniano de "detestáveis". Boicotes do tipo já ocorreram em outras falas do iraniano tanto na ONU quanto em fóruns temáticos.

Segundo Ahmadinejad, há di­­ferentes visões sobre as forças responsáveis pelos ataques às Torres Gêmeas, "que afetaram o mundo todo por quase uma década". Uma delas é a de que "o governo americano orquestrou o ataque para reverter o declínio da economia e seu poder no Oriente Médio – inclusive para proteger o regime sionista [Israel]".

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Para o presidente, a maior parte do público e dos políticos, mesmo nos EUA, acreditam nessa versão.

Não foi a única provocação cla­­ra a Washington, que soou estranha dias depois de gestos pacíficos como a libertação de uma americana presa há mais de um ano no Irã. Falando sobre seu programa nuclear, Ahmadinejad dis­­se que os países do Conselho de Segurança da ONU equiparam a busca de energia com a de uma bomba, e que Teerã jamais se submeterá a "sanções ilegais".

Ahmadinejad ainda elogiou esforços de Brasil e Turquia para mediar um acordo de troca de combustível nuclear. O acordo, ignorado pelos Estados Unidos, te­­ve base em negociações feitas com potências ocidentais no ano passado, em Genebra.

Palestina

Horas antes, Obama centrou sua fala na paz no Oriente Médio. Ele defendeu a mediação americana e insistiu na solução de dois Es­­tados, sugerindo que a Pales­­tina poderia ser reconhecida co­­mo membro pleno da ONU dentro de um ano.

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Ele pressionou líderes de am­­bos os lados a continuar trabalhan­­do no diálogo direto, que foi restabelecido neste mês em Wa­­shing­­ton e defendeu a manutenção do congelamento dos assentamentos judaicos na Cisjordânia, que expira no próximo domingo.