O Irã e a Bolívia irão "se apoiar um no outro" disse nesta terça-feira (2) o presidente linha-dura do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, em comentários que deverão provocar preocupação em Washington.
O Irã e a Bolívia assinaram um memorando para expandir a cooperação em energia, indústria e comércio.
Durante sua visita de 2007 à Bolívia, Ahmadinejad prometeu US$ 1 bilhão em investimentos aos bolivianos, a maior parte para o desenvolvimento da indústria de petróleo e gás natural.
As declarações de Ahmadinejad foram feitas em uma coletiva de imprensa conjunta com o presidente da Bolívia, Evo Morales, na capital iraniana. Ahmadinejad disse que os dois governos não estão interessados nas preocupações dos Estados Unidos com os seus laços estreitos.
"Nós ficaremos lado a lado e nos apoiaremos. Eu conversei muito com o presidente Morales sobre isso", disse Ahmadinejad. "A distância geográfica entre os dois países é grande, mas nossos corações, idéias e vontades estão muito próximas."
Ahmadinejad também instou Morales a "enfrentar os estrangeiros", numa referência aos EUA.
Como o Irã no Oriente Médio, a Bolívia e sua aliada Venezuela têm sido fortes críticas na América do Sul da política americana
"Não é importante o que governos mau encarados dizem sobre a nossa amizade. Para nós, o importante é nos movermos com sabedoria no caminho do interesse dos nossos povos", disse Ahmadinejad.
A Bolívia, que tem vastas reservas de gás natural e petróleo, busca o auxílio do Irã para desenvolver seu setor de energia. Antes de ir ao Irã, Morales visitou a Líbia.
O líder máximo do Irã, o grão-aiatolá Ali Khamenei, disse a Morales na noite da segunda-feira que a resistência da Bolívia e de outros países sul-americanos contra os EUA dará dividendos.
"O despertar das nações latino-americanos e sua vontade de cumprir o próprio destino é um evento feliz, que definitivamente deixará tristes as grandes potências", disse o grão-aiatolá à televisão estatal do Irã.
Khamenei instigou Morales a continuar a desafiar as políticas americanas.
"É certo que você será pressionado pelos poderes hegemônicos, porque eles se opõem a esse espírito, mas a resistência contra essas pressões e a confiança em Deus levarão à vitória", disse Khamenei.
Em resposta, Morales disse, de acordo com a tevê estatal: "um sentimento de busca da liberdade está tomando conta da América Latina. As lutas e levantes populares contra o imperialismo americano são inevitáveis nos países da América Latina. A nossa região nunca será o quintal de pilhagem da América (os EUA) e nem perseguirá seus ideais perversos", disse Morales.