Na primeira declaração após o embargo imposto pela União Europeia na última segunda-feira, o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad afirmou ontem que está pronto para abrir negociações relacionadas ao programa nuclear do país e às novas sanções petroleiras e financeiras impostas ao Irã pela UE e pelos Estados Unidos.
"Eles [os países ocidentais] dizem que o Irã foge das negociações, mas isso não é verdade. Quem tem o direito ao seu lado não teme as negociações", disse.
Nos últimos dias, dirigentes europeus e americanos expressaram o desejo de ver o Irã de volta a negociações sérias com o chamado grupo dos 5+1 (EUA, Rússia, China, Reino Unido e França, mais Alemanha). Sobre as declarações, o presidente criticou os ocidentais por "adotar cada vez mais sanções antes das negociações".
Em visita a Kerman, no sul do Irã, Ahmadinejad disse que o país "não será afetado" pelas medidas europeias contra o petróleo iraniano. "Já chegamos a ter 90% de nosso comércio voltado para a Europa, mas agora essa região representa apenas 10%", disse.
Ahmadinejad afirmou que há 30 anos que os Estados Unidos não compram petróleo do Irã e não possuem relações com o Banco Central do país.
Exigência
A declaração de Ahmadinejad veio no mesmo dia em que a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, exigiram que os iranianos começassem as negociações com a comunidade internacional sobre o programa nuclear do país.
A informação foi passada pelo porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert. Em conversa telefônica, Netanyahu saudou Merkel pelo embargo da UE ao petróleo iraniano e agradeceu os esforços do país europeu para a aprovação das medidas.
Mais cedo, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Anders Fogh Rasmussen, pediu que as autoridades iranianas cumpram seus compromissos internacionais, interrompam seu programa de enriquecimento de urânio e garantam a passagem marítima pelo Estreito de Ormuz. "Algumas declarações de líderes iranianos são motivo de preocupação", assegurou o chefe da aliança militar do Ocidente, que lembrou, no entanto, que "a Otan como organização não está envolvida na questão iraniana".
Ministros e membros do Parlamento iraniano ameaçaram, em discurso, o fechamento da passagem caso as ações da UE e dos EUA intensifiquem o embargo proposto na segunda-feira ao petróleo iraniano. Por Ormuz, passa pelo menos 20% do petróleo comercializado no mundo.