O Facebook, banido no Irã por causa do seu uso por ativistas para convocar protestos contra o governo em 2009, ganhou um improvável novo usuário: o líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei.
Criada há poucos dias, a página "Khamenei.ir", hospedada na rede social, contém fotos do clérigo de 73 anos, além de discursos e pronunciamentos do dirigente máximo da República Islâmica.
Embora haja várias outras páginas do Facebook dedicadas a Khamenei, a nova - cujo número de "curtidas" quadruplicou nesta segunda-feira (17), superando mil - parece estar oficialmente autorizada, em vez de ser meramente o trabalho de admiradores.
A página é publicada por uma conta no Twitter com o mesmo nome que, segundo especialistas, é mantida pelo gabinete de Khamenei.
As duas redes sociais norte-americanas são censuradas no Irã, mais ainda assim costumam ser usadas por milhões de iranianos que possuem um software especial para contornar a proibição.
Em 2009, as redes sociais foram uma ferramenta vital para iranianos que apontaram fraude na reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad. O Facebook foi usado na organização de protestos com uma dimensão que não era vista no país desde a Revolução Islâmica de 1979.
Esses protestos, que o governo disse terem sido alimentados por países inimigos, acabaram sendo dissolvidos pelas forças de segurança, e seus líderes permanecem sob prisão domiciliar.
Até agora, a página de Khamenei no Facebook compartilhou uma foto do aiatolá quando jovem, na década de 1960, ao lado do fundador da República Islâmica, aiatolá Ruhollah Khomeini.
Seu tom, estilo e conteúdo são semelhantes aos de contas que se dedicam a disseminar as mensagens de Khamenei via Twitter e Instagram, e ao sofisticado www.khamenei.ir, publicado em 13 idiomas.
Especialistas dizem que essas contas nas redes sociais mostram que o Irã, apesar de restringir o acesso a tais sites em seu território, está ávido para usá-los como forma de difundir sua visão de mundo a uma audiência global.
"A mídia social dá à liderança do regime mais um meio de comunicação, capaz de partilhar sua mensagem com uma base demográfica mais jovem e bem mais internacional", disse Afshon Ostovar, analista de Oriente Médio do CNA, uma organização de pesquisas com sede nos Estados Unidos.
As autoridades iranianas dizem que estão tentando construir uma intranet nacional, algo que críticos veem como uma forma de controlar ainda mais o acesso dos iranianos à internet global. Teerã tentou neste ano bloquear o serviço de e-mail do Google, mas logo reabriu o acesso.