São Paulo - Os chimpanzés também morrem de aids. A descoberta, que será descrita na edição de hoje da revista científica Na­­ture surgiu de um estudo feito durante nove anos no Parque Nacional Gombe, na Tanzânia (África). Ela revela um "elo perdido’’ na evolução do vírus HIV, entre a versão humana letal e sua variedade símia inofensiva.

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"Simplesmente nós não sa­­bíamos disso (que havia animais morrendo)’’, disse a pesquisadora Beatrice Hahn, professora de medicina da Uni­­versidade do Alabama (EUA) e principal autora do estudo.

A implicação da descoberta é imediata. Entender como os macacos são naturalmente afetados pela doença é um passo importante para o desenvolvimento de futuras vacinas.

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O monitoramento de 94 macacos que viviam em seu ambiente, por meio de técnicas não invasivas que permitem analisar as fezes e a urina dos bichos, mostrou que eles foram infectados pelo SIV (vírus da imunodeficiência símia), um irmão do HIV, agente infeccioso que mata 5.750 pessoas por dia no mundo, segundo a Or­­ganização Mundial da Saúde.

Os macacos da Tanzânia, mostra a pesquisa, estão infectados por uma das 40 versões do SIV. O tipo identificado agora é o que pode ter pulado a bar­­reira e ter transportado a aids dos macacos aos homens.

O SIV letal causou uma mor­­talidade dez vezes maior na população contaminada do que nos macacos de Gombe que não tinham o vírus.

"Esses resultados são mesmo surpreendentes’’, afirma Esper Kallás, pesquisador da Unifesp e especialista em doenças infecciosas.

Como esses bichos estão na origem do HIV, os cientistas tinham um enigma diante deles: como um vírus inofensivo de uma espécie pôde causar uma doença letal na outra.

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