A agência nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU) teme que o Irã esteja trabalhando para desenvolver uma carga nuclear para um míssil, segundo relatório confidencial obtido nesta quinta-feira pela Reuters.

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O texto da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirma também que o Irã produziu seu primeiro lote, ainda pequeno, de urânio enriquecido a 20 por cento, sem ter avisado com a antecedência devida aos inspetores internacionais.

O Irã anunciou na semana passada que havia passado a enriquecer urânio até um grau de pureza de 20 por cento, para uso em um reator de pesquisas médicas. Até então, o país enriquecia urânio apenas até 3,5 por cento. Para uso em armas nucleares, é preciso uma pureza de cerca de 90 por cento.

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O Ministério das Relações Exteriores da República Islâmica informou nesta quarta-feira (17) que o Irã não suspenderá o enriquecimento de urânio em troca de radioisótopos, como oferecido em carta de Estados Unidos, França e Rússia à ONU.

Tanto o enriquecimento adicional quanto a notícia sobre ogivas nucleares devem alimentar preocupações no Ocidente quanto às verdadeiras intenções do programa atômico iraniano, apesar de Teerã insistir no seu caráter pacífico, para geração de eletricidade e fins científicos.

A AIEA há anos investiga relatos de governos ocidentais indicando que o Irã tem esforços coordenados para processar urânio, testar explosivos em alta altitude e adaptar o cone de um míssil balístico para que possa receber ogivas nucleares.

Em 2007, no entanto, os EUA avaliaram que o Irã havia abandonado tais atividades em 2003 e, provavelmente, não as retomaria.

Importantes aliados ocidentais, porém, acham que o Irã manteve o programa --e o relatório da AIEA representa um inédito aval independente a essa teoria.

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"A informação disponível para a agência é extensa (...), amplamente consistente e crível em termos de detalhes técnicos, do cronograma em que as atividades são conduzidas e das pessoas e organizações envolvidas", disse o relatório.

"Tudo isso desperta preocupações sobre a possível existência no Irã de atividades não reveladas, passadas ou atuais, relacionadas ao desenvolvimento de uma carga nuclear para um míssil."

Com termos excepcionalmente duros, foi o primeiro relatório da AIEA sobre o Irã desde a posse do novo diretor geral da instituição, Yukiya Amano, considerado mais inclinado a confrontar o Irã do que seu antecessor, Mohamed ElBaradei.

O relatório, que será avaliado em um encontro entre os dias 1o e 5 de março pelos 35 países que formam a direção da AIEA, apontou que com o passar do tempo tem ficado mais difícil obter informações sobre o programa nuclear iraniano, e que, portanto, é essencial que Teerã coopere "sem mais delongas" com os investigadores da agência.

O Irã alega que as acusações ocidentais sobre o desenvolvimento de ogivas atômicas são inventadas, mas não conseguiu provar o contrário. O país passou 18 meses evitando contatos com a AIEA a respeito desse assunto.

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Nesta quinta-feira, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou que, caso Israel ataque seu país, o grupo libanês Hezbollah responderá e "acabará com o assunto de uma vez por todas". Ahmadinejad falou pelo telefone com o líder do grupo xiita, Hassan Nasrallah. Ele pediu que o Hezbollah mantenha seus homens prontos para atacar Israel.

Amorim defende acordo oferecido pela AIEA

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou nesta quinta-feira (18) que a não proliferação nuclear só será possível quando houver desarmamento. Para ele, é fundamental que o governo do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, não desperte temor no restante do mundo e aceite negociar com a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea). Amorim considera adequada a proposta do comando da Aiea ao Irã.

"Não queremos que o Irã desperte temor em outros [países] de que possa ter armas. Por isso, é necessário o acordo. Nós achamos que o acordo proposto pela agência é uma base adequada", afirmou Amorim, ao participar de um debate sobre temas internacionais, promovido pelo Congresso do PT, em Brasília. Estavam presentes representantes de vários países.

O acordo anterior, proposto pela Aiea e mencionado por Amorim, sugere que o Irã negocie com as grandes potências ocidentais o fornecimento de combustível. Para o chanceler brasileiro, o que falta é buscar o diálogo para tentar o fim do impasse.

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De acordo com o chanceler, a alternativa para evitar a não proliferação de armas é o desarmamento. "A verdadeira não proliferação só ocorrerá quando houver desarmamento. Houve vários passos [nesse sentido]. Mas são vários passos, não é possível tudo de uma só vez. Não queremos que haja uma proliferação de armas nucleares", disse o chanceler, lembrando que o Brasil assinou o Tratado de Não Proliferação de Armas (TNP) e reitera a posição na Constituição.