Sobreviventes dos ataques a bomba em Mumbai (antiga Bombaim) lutam pela vida em hospitais lotados da cidade nesta quarta-feira, enquanto outras milhões de pessoas lotam trens e ônibus para se deslocar no centro financeiro da Índia. ( Leia mais sobre os ataques de terça-feira )
Pelo menos 190 pessoas morreram nos sete ataques a bomba quase simultâneos no sistema ferroviário de Mumbai na terça-feira. No dia seguinte, investigadores procuram no meio dos vagões destroçados pistas sobre os responsáveis pelas explosões coordenadas na cidade de 17 milhoes de pessoas. A suspeita recai sobre extremistas com base no Paquistao que combatem o domínio indiano na Cachemira, mas os seus líderes negam envolvimento.
Os ataques de terça-feira, em vagões de primeira classe e em estações de trem, parecem ter sido direcionados ao centro da punjança econômica da Índia, mas horas depois os moradores da cidade já haviam voltado ao trabalho e o mercado de ações se mantinha estável.
- Dá um pouco de medo, mas não tempos opção, a não ser voltar ao trabalho - disse Amita Rane, de 24 anos.
Quase 700 pessoas ficaram feridas nas explosões, ocorridas em um espaço de 11 minutos.
Foi o número mais alto de mortos desde as bombas que mataram mais de 250 pessoas em Mumbai, em 1993. Os ataques também relembram as explosões em trens de Madri e no sistema de transporte de Londres nos últimos dois anos. O "modus operandi", acreditam especialistas, tem a marca da Al-Qaeda.
"A meu ver, os ataques em Mumbai podem ter sido inspirados pelos ataques em Londres e Madri", disse Peter Lehr, do Centro de Estudos do Terrorismo e da Violência Política na Universidade St. Andrews, da Grã-Bretanha, ao jornal "Times of India". "É uma tentativa para instalar o medo e o terror nas mentes das pessoas e provocar uma nova onda de violência entre hindus e muçulmanos. Mas nisso eles falharam miseravelmente", acrescentou.
Foram enviados mais policiais a estações de trens, parques, mercados e instituições religiosas em toda a Índia para evitar novos ataques. Também foram armados postos de controles nas principais ruas das maiores cidades do país. Em Mumbai, as empresas colocaram mais ônibus nas rotas servidas pelos trens, que ainda não voltaram a funcionar.
Mumbai é um retrato fiel da Índia: uma metrópole de contrastes, com luxuosos prédios de escritórios e de apartamentos ao lado de grandes favelas. Tem também a chamada Bollywood, a maior indústria de cinema do mundo, além de atrair milhões de pobres das áreas rurais.
Mas apesar de serem conhecidos pela sisudez, os moradores estão demonstrando solidariedade, oferecendo caronas, distribuindo água e biscoitos, e levando mortos e feridos para hospitais.
- Estamos acostumados a crises aqui - disse Makaran Bhopatkar, de 35 anos. - A cidade sobrevive - emendou.
Muçulmanos que vivem em áreas perto das explosões ajudaram a levar hindus feridos para hospitais e deram chá para os parentes.
Durante a noite, parentes e amigos lotaram hospitais para identificar corpos, vários deles bastante mutilados e queimados.
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