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Iraque

Ainda não há data para enforcamento de assessores de Saddam

Às voltas com a ira dos sunitas contra a tumultuada execução de Saddam Hussein, as autoridades iraquianas ainda não marcaram a data para o enforcamento de dois assessores dele condenados no mesmo processo, disse uma fonte oficial na quinta-feira.

Havia rumores de que o ex-chefe de inteligência Barzan Al Tikriti, que é meio-irmão de Saddam, e o ex-juiz Awad Al Bander seriam enforcados na quinta-feira. Um assessor do primeiro-ministro Nuri Al Maliki disse, porém, que não há data marcada.

Barzan, Bander e Saddam foram condenados à morte por crimes contra a humanidade, relativos ao assassinato de 148 xiitas em 1982 na aldeia de Dujail.

O deputado xiita Bahaa Al Araji disse que as execuções devem ser adiadas para domingo, primeiro dia útil no mundo islâmico depois do feriado do Eid Al Adha.

``Até onde eu sei, as execuções vão ocorrer no domingo, se as coisas permanecerem como estão. Não tenho certeza da hora, mas duvido que seja no mesmo lugar'', afirmou o parlamentar, ligado ao clérigo xiita Moqtada Al Sadr, cujo nome era gritado no momento da execução de Saddam para irritá-lo.

A alta comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para direitos humanos, Louise Arbour, pediu na quarta-feira ao Iraque que não execute os dois condenados, por respeito ao direito internacional e por haver dúvidas sobre a justiça e imparcialidade do julgamento.

Maliki havia rejeitado um apelo semelhante de Arbour em relação a Saddam. O fato de o ex-ditador ter sido enforcado ao amanhecer de sábado, apenas quatro dias depois da confirmação da sentença, e no primeiro dia do Eid Al Adha, chocou muita gente no Iraque e no resto do mundo.

A situação ficou ainda mais tensa por causa de um vídeo, aparentemente gravado com um celular, em que autoridades xiitas humilham verbalmente Saddam, que era sunita. O governo anunciou a prisão de vários guardas supostamente ligados à gravação e divulgação do vídeo.

Milhares de sunitas saem às ruas do Iraque diariamente nesta semana para protestar contra a execução e o vídeo. O túmulo de Saddam em Awja, sua aldeia natal, atrai uma romaria de admiradores.

Embora a investigação do governo se volte contra os guardas, é possível que altos escalões também sejam implicados, o que complicaria ainda mais os esforços de reconciliação nacional do governo.

Os EUA disseram não ter tido papel algum na execução, e um general afirmou que, se o enforcamento coubesse aos norte-americanos, teria sido ``diferente''. O mesmo general, William Caldwell, afirmou que a violência diminuiu durante o Eid, mas que os EUA se preparam para um recrudescimento.

Na quinta-feira, duas bombas explodiram perto de um posto de gasolina no bairro de Mansour, zona oeste de Bagdá, matando pelo menos 13 pessoas e ferindo 22, segundo a polícia.

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