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Vida extraterrestre

Ainda sozinhos

 | Ilustração/ Robson Vilalba
(Foto: Ilustração/ Robson Vilalba)

Um grupo de astrônomos recomeçou recentemente uma das buscas icônicas da ciência moderna, a procura por inteligência ex­­traterrestre – o SETI, na sigla em inglês – que havia sido interrompida no ano passado por falta de financiamento. Eles trabalham à base de sobras de dinheiro e equipamento, tanto públicos como de milionários do Vale do Silício.

No começo de dezembro, 42 radiotelescópios, conhecidos co­­mo o Conjunto de Telescópios Al­­len voltou ao trabalho de pular de estrela em estrela da constelação de Cisne, procurando por emissões de rádio de civilizações alienígenas. As linhas agora estão abertas, mas com os problemas financeiros prolongados, permanece o mistério de por quanto tempo elas continuarão assim.

Os astrônomos agora sabem que a galáxia tem pelo menos tantos planetas – lugares em que se presume que haja vida – quanto estrelas. "Vida e tecnologia avançada podem ser raras no cosmos", diz Geoffrey W. Marcy, professor que ocupa a cadeira Watson and Marilyn Alberts no SETI da Uni­­versidade da Califórnia, em Ber­­keley, "mas com certeza eles estão lá fora, porque o número de planetas semelhantes à Terra na galáxia da Via Láctea é simplesmente grande demais".

Um simples "alô" ou grasnido, ou um fluxo incompreensível de números capturado por uma das antenas no Observatório de Rádio de Hat Creek da Universidade da Califórnia seria o suficiente para acabar com nossa solidão cósmica, mudar a história e responder a uma das mais profundas perguntas feitas pelos seres humanos: Estamos sozinhos no universo?

Apesar de décadas de sondas espaciais e bilhões de dólares da NASA investidos na procura de vi­­da lá fora, ainda há um único exem­­plo de vida no universo: a cadeia biológica, ba­­seada em DNA, da Ter­­ra. "Neste cam­­po", disse Jill Tar­­ter, astrônoma no Instituto SETI em Mountain View, Cali­­fór­­nia, o "número dois é o nú­­mero mais importante. Nós contamos um, dois, infinito. Esta­­mos procurando pelo número dois".

Os astrônomos chamam de "pa­­lheiro cósmico" as 100 bilhões de estrelas na galáxia e 9 bilhões de canais de banda estreita nos quais os alienígenas, se existirem, po­­dem estar tentando nos chamar.

Crise

A recessão acabou com os fundos da universidade para gerenciar o observatório de Hat Creek. Um apelo para financiamento no site do instituto trouxe cerca de US$220.000 – o que dá para quase dois meses de despesas de operação. Um acordo, ainda em negociação, com a Força Aérea pagará cerca de US$ 1,5 milhão (mais outro US$ 1 milhão por ano para pagar os as­­trônomos). O dinheiro le­­vantado até agora duraria, no máximo, mais alguns meses.

Em dezembro, a Dra. Tarter as­­sistia com um olho descon­­fiado pipocar no monitor do computador uma fileira de números indicativos da detecção de um sinal de banda estreita – a assinatura de uma fonte artificial. Ela fez um gesto de aprovação com a cabeça enquanto o telescópio e os computadores terminavam o processo de eliminar o novo sinal de suas considerações.

"Nós já ficamos seis horas nisso umas quatro vezes", disse a as­­trônoma. Um momento dramático foi em 1998, quando a Dra. Tar­­ter e seus colegas estavam trabalhando em um observatório e re­­ceberam um sinal que eles simplesmente não conseguiam eliminar.

Por fim, descobriram que estavam, na verdade, recebendo trans­­missões do satélite europeu SOHO. "Fomos dormir, então", disse a Dra. Tarter.

"Aquela vez foi um verdadeiro surto de adrenalina", ela acrescentou. "Não consigo imaginar como será quando encontrarmos um sinal de verdade."

Tradução: Adriano Scandolara.

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