Paris A rede terrorista Al Qaeda se uniu a um grupo extremista islâmico da Argélia antiga colônia francesa para atacar os interesses da França e dos EUA. A equiparação da França aos EUA como alvo potencial da Al Qaeda surpreendeu pelo fato de o governo francês ter se oposto ferrenhamente à invasão do Iraque, em 2003.
A aliança foi anunciada em um vídeo em que o n.º 2 da Al Qaeda, o egípcio Ayman al-Zawahiri, celebrou o quinto aniversário dos atentados de 11 de setembro de 2001, contra alvos dos EUA. O vídeo de segunda-feira foi tornado público ontem, depois que a transcrição desse trecho da mensagem foi divulgada pelo diário francês Le Figaro. Zawahiri faz um chamado ao Grupo Salafista para a Pregação e o Combate (GSPC) para que se transforme "num espinho na garganta dos cruzados americanos e franceses".
O termo cruzado refere-se às campanhas militares da Cristandade na Idade Média para retomar dos muçulmanos o controle da Terra Santa. É usado pelos radicais islâmicos como sinônimo de inimigos do Islã. No vídeo, Zawahiri diz: "Osama bin Laden me disse para anunciar aos muçulmanos que o GSPC se uniu à Al Qaeda. Isso deve ser fonte de pesar, frustração e tristeza para os apóstatas, os filhos traidores da França (referência ao governo da Argélia, ex-colônia francesa)".
O chamado de Zawahiri foi endossado na quarta-feira no site do GSPC por seu líder máximo, Abu Musab Abdel Wadoud, em um comunicado em que prometeu lealdade a Bin Laden e pediu a união dos muçulmanos para derrotar os EUA. Trata-se de uma aliança perigosa para a França porque no ano passado o GSPC classificou a França como seu inimigo n.º 1.
Peritos em terrorismo sempre apontaram a Itália como o possível próximo alvo em potencial da Al Qaeda, pelo fato de o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi ter se aliado ao presidente norte-americano, George W. Bush, na invasão do Iraque, onde há tropas italianas entre as forças de ocupação. Grã-Bretanha e Espanha, que também apoiaram os EUA com tropas, foram alvo de atentados terroristas com grande número de civis mortos e feridos, em 2003 e 2005, respectivamente.
"Temos de ser extremamente vigilantes e atentos, como estamos sendo há vários anos", reagiu o primeiro-ministro francês, Dominique du Villepin. "Não se trata de afrouxar a guarda. Existe realmente uma situação de risco que deve, evidentemente, nos manter vigilantes e nos fazer adaptar nossos dispositivos (de segurança)".
Horas depois, o ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, declarou à tevê francesa que o governo "leva muito a sério" as ameaças terroristas da Al Qaeda, mas não vê nada de novo em seu conteúdo. "A ameaça terrorista contra a França é elevada e permanente e sabemos que devemos manter a vigilância absoluta. Desde 2003 sabemos que o GSPC declarou lealdade à Al Qaeda." Ele se referia a uma mensagem colocada neste ano pelo grupo na internet.
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