A rede Al Qaeda no Iêmen assumiu a responsabilidade pelo ataque ao jornal de sátiras francês Charlie Hebdo, dizendo que a ação foi ordenada pela liderança do grupo militante islâmico em resposta a insultos ao profeta Maomé, de acordo com um vídeo publicado no YouTube.
"Quanto à abençoada Batalha de Paris, nós, a Organização da Al Qaeda Al Jihad na Península Arábica, assumimos a responsabilidade por essa operação como vingança ao mensageiro de Deus", disse na gravação Nasser bin Ali al-Anesi, líder do braço da Al Qaeda no Iêmen.
Homens armados mataram um total de 17 pessoas em três dias de violência que começou quando abriram fogo contra a sede do semanário Charlie Hebdo em vingança pela publicação de imagens satíricas do profeta Maomé.
Anesi, o principal líder ideológico da Al Qaeda no Iêmen, disse que foi a liderança da organização "que escolheu o alvo, colocou o plano em ação e financiou a operação", sem citar um nome específico.
Ele acrescentou, sem dar mais detalhes, que o ataque foi realizado para "pôr em prática" a ordem do líder geral da Al Qaeda, Ayman al-Zawahri, que fez um chamado por ataques de muçulmanos ao Ocidente, utilizando quaisquer meios que possam encontrar.
A Al Qaeda no Iêmen é liderada por Nasser al-Wuhayshi, que também é o número 2 de Zawahri na hierarquia mundial da rede.
"Nós fizemos isso em conformidade com o comando de Deus e em apoio a seu mensageiro, que a paz esteja com ele", acrescentou Anesi.
Não foi possível verificar a autenticidade da gravação, que trazia o logo do grupo de mídia da Al Qaeda, al-Malahem.
Esgotada
A primeira edição do Charlie Hebdo publicada depois dos ataque de militantes islâmicos se esgotou em minutos nas bancas de jornais de toda a França ontem, com pessoas fazendo fila para comprar exemplares em apoio ao semanário satírico.
Uma tiragem de cerca de 3 milhões de cópias foi programada para a chamada "edição dos sobreviventes", superando em muito os habituais 60 mil exemplares.
A capa da nova edição mostra uma caricatura de Maomé triste, segurando um cartaz com os dizeres "Je suis Charlie" (Eu sou Charlie) sob a manchete "Tudo está perdoado".
Dentro da edição, vê-se o humor irreverente habitual do semanário e o tom intencionalmente ofensivo que fez o jornal famoso.
O principal editorial faz uma defesa vigorosa do secularismo e do direito do jornal de ridicularizar as religiões e fazer seus líderes prestarem contas.
"O que nos faz rir mais é que os sinos de Notre-Dame tocaram em nossa homenagem", diz o editorial do semanário, que surgiu do movimento de libertação de 1968 e há muito zomba de todas as religiões e dos pilares do poder.
Toda a receita da venda da edição desta semana irá diretamente para o Charlie Hebdo, o que dará novo fôlego para uma publicação que vinha lutando com dificuldades financeiras. Um pedido de doações também foi ao ar na mídia nacional.