O presidente da Argentina, Alberto Fernández, disse na sexta-feira que o país “deve resolver” a dívida de cerca de US$ 45 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI) por meio de um acordo com a instituição que permite o refinanciamento de vencimentos. “O governo nacional está discutindo com o FMI como pagar esta dívida. Precisamos reduzir os juros aplicados, ganhar tempo e estender tanto quanto possível o tempo para cumprir o prazo”, disse Fernández durante um evento do Instituto para o Desenvolvimento Empresarial da Argentina (Idea). “Nossa decisão de encontrar um rápido acordo com o FMI é absoluta, continuaremos a discutir até termos a certeza de que temos os recursos necessários para colocar a economia argentina de novo em pé”, acrescentou.
Em 2018, durante o mandato do antecessor de Fernández, Mauricio Macri, o governo argentino contraiu um empréstimo de US$ 57 bilhões com o FMI, dos quais US$ 44,2 bilhões foram desembolsados sob o modo de direitos especiais de saque (SDR, na sigla em inglês), cujo prazo de quitação não poderia exceder três anos. Segundo Fernández, que chegou ao poder em dezembro de 2019, este empréstimo seria equivalente a “11% do Produto Interno Bruto (PIB) da época, em um quadro de fuga de capitais que contradizia os próprios estatutos do crédito internacional”. Fernández ainda afirmou que “em 2022 e 2023, a Argentina é obrigada a pagar a cada ano mais de US$ 19 bilhões em conceito de capital de juros”, e que “não devemos condenar a Argentina à procrastinação, devemos crescer, acumular reservas e começar a cumprir”.
O ministro da Economia argentino, Martín Guzmán, reuniu-se na última terça-feira em Washington (EUA) com a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, para debater a renegociação da forma de pagamento da dívida. Embora Georgieva não tenha dado detalhes sobre o que foi discutido na reunião, o governo de Alberto Fernández informou que pretende conseguir uma taxa de juros mais baixa e ampliar o prazo de pagamento para 10 anos. Em setembro, a Argentina – que ainda enfrenta desequilíbrios macroeconômicos e falta de acesso a financiamento nos mercados internacionais – quitou a primeira parcela prevista no acordo, de US$ 1,88 bilhão.