Mar del Plata /Buenos Aires (EFE) – Em meio a onda de protestos contra a participação do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, foi encerrada ontem a 4.ª Cúpula das Américas. Trinta e dois chefes de Estado e dois vice-presidentes estiveram presentes em Mar del Plata, na reunião marcada pelas divergências na redação da declaração final. As deliberações, primeiro do grupo de trabalho técnico, depois dos chanceleres, na quinta-feira, e dos presidentes, na sexta-feira e ontem, se caracterizaram pelas divergências sobre a retomada do projeto da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). A iniciativa, promovida pelos Estados Unidos e países aliados como México e Colômbia, enfrenta oposição dos países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) e da Venezuela.

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Este assunto foi o mais conflituoso nas negociações sobre o texto da Declaração de Mar del Plata, que junto com o Plano de Ação devem ser os resultados concretos da Cúpula. Assim admitiram várias fontes diplomáticas ao longo dos últimos dias, marcados por uma corrida contra-relógio para a obtenção um consenso sobre o assunto.

O lançamento da Alca foi o motivo da I.ª Cúpula das Américas, realizada em dezembro de 1994 em Miami, e estava previsto que o projeto começasse a ser colocado em prática no mesmo ano, com o fim gradual das tarifas alfandegárias entre os 34 países americanos, exceto Cuba, que foi excluída. No entanto, 11 anos após seu lançamento, o projeto está paralisado por causa da aplicação de subsídios à agricultura pelos Estados Unidos e por outras potências. O Mercosul e outros países americanos em desenvolvimento exigem o fim dos subsídios para fazer parte da Alca.

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Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a agências internacionais que as discussões sobre a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) devem esperar as discussões da Rodada Doha, da OMC, marcada para dezembro.

Na sexta-feira, a polícia atirou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar centenas de manifestantes, que atiraram pedras a seis quarteirões do local onde Bush e outros líderes da América Latina estavam reunidos.

Protestos

Segundo a polícia, ao menos 30 lojas contabilizam estragos e alguns bancos foram incendiados. A polícia fez 64 prisões, mas não foram registrados feridos.

Manifestantes protestaram para exigir dos líderes da região alternativas à política de livre mercado apoiada pelos EUA, que dominou a região na década de 90 e falhou em resolver questões como a pobreza e a desigualdade.

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Os protestos contra o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, em sua particpação na Cúpula das Américas em Mar del Plata, liderados por Hugo Chávez e Diego Maradona, fizeram a América Latina ganhar ontem destaque na imprensa britânica. "Bush enfrenta a fúria latina enquanto sua popularidade cai em casa", publicou o jornal de esquerda "The Independent".

O único consolo de Bush, publicou o "The Times" foram as palavras do presidente mexicano, Vicente Fox, que lhe assegurou que 29 de 34 países reunidos em Mar del Plata estariam favoráveis e dispostos a avançar nas negociações em torno da Alca, mesmo sem os demais.