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Pessoas visitam Epecuén para ver casas em ruínas e eletrodomésticos enferrujados | Santiago Matamoro/Creative Commons
Pessoas visitam Epecuén para ver casas em ruínas e eletrodomésticos enferrujados| Foto: Santiago Matamoro/Creative Commons

Epecuén

já foi uma estância turística concorrida junto de um lago onde cerca de 1,5 mil moradores atendiam a 20 mil turistas por temporada.

Um estranho povoado fantasma permaneceu 28 anos submerso, mas agora ressurgiu novamente em uma área de terras agricultáveis a sudoeste de Buenos Aires. Epecuén já foi uma concorrida estância turística junto de um lago onde cerca de 1,5 mil moradores atendiam a 20 mil turistas por temporada.

Na era de ouro da Ar­gentina, os mesmos trens que transportavam cereais para o mundo inteiro levavam os viajantes da capital até os balneários de água salgada do povoado.

O lago era especialmente atraente por conter uma concentração de sal dez vezes maior que a do oceano, o que permitia aos banhistas grande flutuabilidade. Os turistas, principalmente os pertencentes à comunidade judaica bonairense, gostavam de flutuar nas águas porque aquilo fazia com que se lembrassem do Mar Morto, em Israel.

No entanto, uma forte tempestade seguida de vários invernos especialmente chuvosos no Hemisfério Sul provocaram o transbordamento do lago, em novembro de 1985. A água superou o muro de contenção e inundou o povoado. Os moradores fugiram levando consigo os poucos pertences que restavam. Poucos dias depois, suas antigas casas ficaram submersas, cobertas por quase dez metros de água salgada. Passados quase 30 anos, a água recuou quase em sua totalidade, revelando um cenário que parece saído de um filme sobre o fim do mundo.

A aldeia não foi reconstruída, mas agora voltou a ser uma atração turística para as pessoas dispostas a viajar de carro durante pelo menos seis horas, saindo de Buenos Aires, percorrendo estreitas estradas rurais por cerca de 550 quilômetros.

As pessoas visitam Epe­cuén para observar os restos oxidados de móveis e de automóveis, casas em ruínas e eletrodomésticos enferrujados. Sobem escadas que não levam a lugar nenhum e percorrem o cemitério, onde muitas das tumbas ficaram expostas recentemente.

É uma paisagem estranha e apocalíptica, que captura um momento traumático para a posteridade.

Depois que a água subiu, um homem se recusou a ir embora. Pablo Novak, hoje com 82 anos, continua a morar nos limites do povoado, onde dá as boas-vindas às pessoas que entram pelas ruas em ruínas.

"Quem passa pela região não deixa de entrar aqui. Qualquer pessoa que passe por essa áreas vem observar as ruínas", afirmou Novak enquanto mostrava à reportagem o que ainda havia em pé na cidade abandonada.

"Há muito potencial em relação ao destino turístico, já que não temos apenas Epecuén, com as ruínas e a natureza. Oferecemos também alternativas", disse Javier Andrés, diretor de turismo local.

Muitos dos moradores antigos de Epecuén fugiram para Carhue, uma cidade vizinha também situada junto ao lago. O local agora está repleto de novos hotéis e saunas para o tratamento da pele com barro e água salgada.

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