O Tribunal Provincial de Itzehoe, na Alemanha, condenou nesta terça-feira (20) uma mulher de 97 anos que foi secretária do campo de concentração nazista Stutthof, na Polônia, a dois anos de liberdade condicional, declarando-a culpada de cumplicidade no assassinato de mais de 10,5 mil prisioneiros.
Após um total de 40 dias de julgamento, o juiz condenou a ré, Irmgard Furchner, por auxílio e cumplicidade com o assassinato em mais de 10.505 casos, bem como por auxílio e cumplicidade com tentativa de assassinato em outros cinco casos, de acordo com a emissora pública regional de televisão "NDR".
Das 14 testemunhas que participaram do julgamento, oito são sobreviventes do campo de concentração de Stutthof.
O julgamento, que teve que ser adiado após uma fuga da acusada, começou em 19 de outubro do ano passado.
Entre março e abril ele foi interrompido por causa de uma doença de Furchner, e tanto os sobreviventes quanto seus advogados temiam que ela não retornasse mais ao tribunal. No entanto, a idosa se recuperou, e o julgamento, o primeiro desse tipo contra um funcionário civil, pôde ser retomado em 26 de abril.
A ré trabalhou entre junho de 1943 e abril de 1945, aos 18 e 19 anos, como estenógrafa e datilógrafa para o comandante no campo nazista de Stutthof, localizado perto de Gdansk, na Polônia.
Por causa de sua juventude na época do fato, o promotor exigiu uma sentença com base na lei que rege a responsabilidade criminal de menores, a qual, dependendo do caso, é aplicada até que o réu tenha 21 anos de idade.
O Ministério Público expressou sua convicção de que, através de seu trabalho, Furchner contribuiu para assegurar o funcionamento do campo e foi um apoio importante para o comandante do campo e seus assistentes.
Cerca de 65 mil prisioneiros morreram no campo de concentração de Stutthof durante a Segunda Guerra Mundial, incluindo muitos judeus, principalmente por exaustão e doenças.
Ao menos 200 prisioneiros foram mortos por intoxicação com o pesticida Zyklon B na câmara de gás ou dentro de um vagão de trem fechado, e outros 30 foram baleados na cabeça.