Nicolás Maduro, ditador da Venezuela, profere discurso em evento militar que relembrou o 17º aniversário da tentativa de golpe de Estado contra o Hugo Chávez (Foto: Yuri Cortez / AFP)| Foto: AFP

A emissora estatal alemã Deutsche Welle afirmou neste domingo (14) que a autoridade de transmissões da Venezuela bloqueou seu canal em língua espanhola de todas as operadoras de TV a cabo no país. Contudo, ela se comprometeu a seguir transmitindo seus programas na internet para a audiência do país sul-americano em crise.

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Alemanha, Estados Unidos e a maioria dos países ocidentais consideram a eleição do mandatário venezuelano, Nicolás Maduro, em 2018 ilegítima e reconheceram como presidente interino o líder da oposição, Juan Guaidó. Maduro considera este uma "marionete" dos EUA.

O gerente-geral da Deutsche Welle, Peter Limbourg, pediu que a agência reguladora Conatel "retome urgentemente a distribuição do sinal da DW". Ele afirmou que a emissora continuará transmitindo os programas, principalmente os que debatem a situação na Venezuela, nas redes sociais e no seu canal no Youtube. "Com certeza, continuaremos fazendo todo o possível para informar nossa audiência e usuários na Venezuela", disse.

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"Por instruções da Conatel, operadoras de televisão a cabo retiraram do ar o sinal da Deutsche Welle em Espanhol, um meio de comunicação internacional que tem dedicado múltiplos espaços a informações que mostram a crise, que é de todas as naturezas, na Venezuela", alertou o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa da Venezuela (SNTP) no Twitter. O Ministério da Informação venezuelano, que controla a Conatel, ainda não comentou o assunto.

Imprensa na Venezuela

Jornalistas venezuelanos e estrangeiros denunciaram assédio ou detenções no país. Há um mês e meio, Jorge Ramos, do canal Univisión, foi retido por algumas horas em Caracas ao lado de outros cinco jornalistas depois que Maduro interrompeu uma entrevista.

O SNTP afirmou na ocasião que foram registradas "ao menos 30 detenções de jornalistas e trabalhadores da imprensa" nos dois primeiros meses de 2019.

No dia 22 de fevereiro, os canais NatGeo e Antena 3 foram retirados do ar na Venezuela no momento em que exibiam o show organizado na cidade colombiana de Cúcuta, na fronteira, para apoiar a entrada, frustrada, de ajuda humanitária promovido por Guaidó. Em 2017, o canal CNN en Español e as emissoras colombianas Caracol TV e RCN foram retiradas da grade de programação das operadoras de TV a cabo por ordem do regime do ditador Nicolás Maduro.

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Rusgas com a Alemanha

Em 6 de março, o governo venezuelano determinou a expulsão do embaixador da Alemanha em Caracas, Daniel Kriener, por supostos "atos recorrentes de ingerência em assuntos internos".

A ordem ocorreu dois dias após Kriener comparecer junto com outros diplomatas ao aeroporto internacional de Caracas para presenciar a chegada ao país de Guaidó, chefe da Assembleia Nacional, após um giro por países sul-americanos.

Guaidó pressiona Maduro a deixar o posto para que se instaure um governo de transição, com eleições livres à frente. O presidente por sua vez, diz que Guaidó é parte de um complô dos EUA para derrubá-lo.