Os alemães celebram nesta segunda-feira (9) os 26 anos da queda do Muro de Berlim e, consequentemente, passos fundamentais para o fim da Guerra Fria. A derrubada do símbolo foi o clímax de semanas de protestos populares em Berlim, motivados pelas mudanças que já vinham ocorrendo em toda a Europa.
Na noite de 9 de novembro de 1989, milhares de berlinenses do leste atravessaram a fronteira, após autoridades comunistas cederem à pressão crescente e aliviarem as restrições de viagem que impediram seus cidadãos de passarem para o lado oeste durante décadas.
Mas apesar de marcar o evento que, de fato, reunificou um país esfacelado, a data tem um sabor agridoce. Coincidentemente, dois outros eventos históricos aconteceram em um 9 de novembro, décadas antes. E, quanto a eles, nada há a se comemorar.
Golpe da cervejaria
Em 1918, no dia 9 de novembro, a Alemanha abandona seu passado monarquista com a renúncia [para muitos forçada] do imperador Wilhelm II. Logo após, Philipp Scheidemann anuncia a proclamação da República de Weimar.
O início do período democrático, no entanto, foi conturbado e abriu margem para partidos radicais. Um destes partidos era o Nacional Socialista, de Adolf Hitler.
A situação pós primeira guerra também não era nada favorável: a hiperinflação dominava e confiança do povo nos governantes diminuía. Hitler se aproveitou desta conjuntura para organizar uma tentativa de golpe, conhecida como Putsch da Cervejaria (o nome se dá pelo fato de as reuniões nazistas acontecerem em uma cervejaria).
Em 9 de novembro de 1923, Hitler e membros do partido nazista marcharam pelas ruas de Munique dispostos a tomar o poder na Bavária. Não deu certo. O golpe foi duramente reprimido e vários partidários foram mortos.
Porém, o episódio foi fundamental para que Hitler se tornasse, dez anos mais tarde, o líder da Alemanha nazista, além de criar um mito em torno dos manifestantes mortos -- a data passou a ser comemorada durante o Terceiro Reich.
A noite dos cristais
Em 1938, mais um capítulo triste na história do país: os nazistas orquestram incêndios em diversas sinagogas alemãs, marcando o início da privação dos judeus em solo alemão. Além disso, eles saqueiam empresas de propriedade de judeus.
Estima-se que cem deles tenham sido mortos neste evento. Muitos foram presos e enviados para campos de concentração -- anos mais tarde, na Segunda Guerra, a situação tornou-se ainda pior.
Segundo testemunhas, as ruas estavam repletas de vidro quebrados das lojas e estabelecimentos pertencentes a judeus que refletiam as chamas. Isso levou o episódio a ser batizado de “Noite dos Cristais”.