Promotores alemães acusaram nesta segunda-feira John Demjanjuk, suspeito de ter sido guarda em um campo de extermínio nazista e de ter ajudado a matar cerca de 28 mil judeus na Segunda Guerra Mundial, criando as condições para o que pode ser o último grande julgamento de crimes nazistas de guerra da Alemanha.

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"A procuradoria do Estado em Munique acusou hoje John Demjanjuk, de 89 anos, como auxiliar de assassinato em um total de 27.900 casos", disseram os promotores em um comunicado.

Caçadores de nazistas receberam bem o anúncio, apresentado depois de anos de debate sobre as atividades de Demjanjuk, natural de Kiev, na Ucrânia, no tempo da guerra. Ele viveu por muitos anos no Estado de Ohio, nos EUA, e nega qualquer participação no Holocausto.

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Demjanjuk está em uma prisão no sul da Alemanha desde 12 de maio, para onde foi enviado depois de deportado pelos EUA. Os promotores disseram que ele será julgado em uma corte de Munique, mas não disseram em qual.

Advogados da defesa e da acusação haviam dito anteriormente que a data mais provável seria no outono (do hemisfério norte).

Metalúrgico aposentado, Demjanjuk está no topo da lista dos 10 suspeitos de crime de guerra mais buscados pelo Centro Simon Wiesenthal. A entidade diz que Demjanjuk enviou homens, mulheres e crianças para câmaras de gás no campo de extermínio de Sobibor, região que hoje faz parte da Polônia.

"Este é um marco no caminho para finalmente se fazer Justiça", disse Efraim Zuroff, diretor do Centro Simon Wiesenthal em Jerusalém e um dos principais caçadores de nazistas. "Um julgamento deste tipo manda uma mensagem muito importante, de que mesmo depois de muitos anos que os crimes foram cometidos ainda é possível fazer justiça."

Demjanjuk disse que foi convocado pelo Exército Soviético em 1941, se tornou prisioneiro de guerra alemão um ano depois e serviu em campos de prisão alemães até 1944. Ele emigrou para os Estados Unidos em 1951 e se naturalizou norte-americano em 1958.

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Médicos consideraram Demjanjuk em condições de saúde para enfrentar um tribunal, apesar dos protestos de sua família, que alega que ele está muito frágil. Os especialistas recomendaram que as audiências se restrinjam a duas sessões de 90 minutos por dia.

O filho de Demjanjuk, John Demjanjuk Jr., afirmou em um comunicado que o julgamento é uma farsa e seu pai está sendo discriminado.

"Enquanto meu pai permanecer vivo, vamos defender sua inocência, já que ele nunca feriu ninguém em parte alguma", disse ele.

Os EUA retiraram a cidadania de Demjanjuk depois que ele foi acusado nos anos 1970 de ser o "Ivan, o Terrível", um guarda notoriamente sádico do campo de extermínio de Treblinka.

Ele foi extraditado para Israel em 1986 e condenado à morte em 1988, mas a Corte suprema anulou a sentença depois que se descobriram provas de que um outro homem era provavelmente "Ivan, o Terrível".

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O acusado readquiriu sua cidadania, mas o Departamento de Justiça dos EUA reavaliou o caso novamente em 1999, argumentando que ele havia trabalhado para os nazistas como guarda em três outros campos de extermínio. Sua cidadania foi retirada novamente em 2002.