Em seu primeiro discurso desde que aceitou discutir a formação de uma coalizão com os conservadores da chanceler Angela Merkel, o líder dos sociais-democratas alemães apresentou uma defesa firme aos resgates europeus a países em crise, dizendo que o sucesso da Alemanha depende dos seus vizinhos.

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Falando a sindicalistas em Hanover, no oeste do país, o presidente do SPD, Sigmar Gabriel, disse também que seu partido pressionará por medidas mais ousadas para estimular o crescimento, e que o desemprego juvenil é "a maior desgraça" da Europa.

"Não nos esqueçamos de que a Europa não é um ônus para a Alemanha, não é um peso nos nossos ombros, pelo contrário. Nosso futuro econômico depende do futuro da Europa", disse Gabriel.

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"Não estamos ajudando os outros países só porque somos boas pessoas, porque queremos aplacar nossa consciência e sermos legais. Também estamos ajudando porque serve aos nossos interesses. Precisamos estabilizar a Europa, porque do contrário o desemprego e os problemas de crescimento vão se espalhar para o nosso país."

Os comentários de Gabriel, que deve se tornar vice-chanceler (vice-premiê) e assumir um ministério importante sob o comando de Merkel, indicam que uma eventual "grande coalizão" reunindo os principais partidos rivais da Alemanha deverá adotar um tom mais brando e conciliador em relação a países em dificuldades no sul da zona do euro, como Grécia e Portugal.

Durante a campanha eleitoral, o SPD, de centro-esquerda, acusou Merkel de não defender adequadamente os resgates financeiros junto ao público europeu, e de defender exageradamente a adoção de medidas de austeridade nos países em apuros, à custa de empregos e de crescimento.

Alguns países europeus, inclusive a França, esperam que a entrada do SPD no governo de Merkel contribua para alterar as políticas alemãs em relação à Europa, mas qualquer mudança deve ser mais retórica do que substancial.

No ano passado, o SPD abandonou discretamente seu apoio à emissão de títulos conjuntos para a zona do euro, aproximando-se assim da posição de Merkel. Como a chanceler, o partido da oposição é contra a contração de dívidas para estimular as economias do sul da Europa, e em geral apoia a exigência de reformas como contrapartida para a ajuda financeira.

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Gabriel disse em seu discurso que a Alemanha deve "lutar pela Europa", e observou que 40 por cento das exportações alemãs vão para países da zona do euro, e 60 por cento para a União Europeia como um todo.

"Como ficaria nosso país, nossa indústria, nossos índices de desemprego se não fosse esse o caso, se a Europa, principal destino dos produtos alemães, fosse colocada de joelhos?".

Nas discussões sobre a coalizão, que devem começar na quarta-feira e podem durar mais de um mês, Gabriel disse que o SPD vai defender uma regulamentação bancária mais rigorosa e uma maior contribuição do setor financeiro para os custos da crise europeia.