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Moscou nega acusações

Alemanha expulsa diplomatas russos após assassinato em Berlim

Especialistas forenses da polícia coletam evidências no local do crime em Berlim onde um homem da Geórgia foi morto, 23 de agosto de 2019 (Foto: Christoph Soeder / dpa / AFP)

Autoridades alemãs disseram nesta quarta-feira (4) que suspeitam que agentes russos estavam por trás de uma execução em Berlim em agosto e que expulsaram dois diplomatas russos em conexão com o caso.

O promotor público federal disse que há "provas factuais suficientes" de que o assassinato em 23 de agosto foi realizado por agências de inteligência russas ou pela República da Chechênia na Rússia.

O Ministério das Relações Exteriores da Alemanha declarou dois funcionários da Embaixada da Rússia em Berlim "personae non gratae", dizendo que as autoridades russas não cooperaram "suficientemente" com a investigação, apesar dos repetidos pedidos vindos do "alto escalão".

O porta-voz da presidência russa Dmitry Peskov rejeitou a acusação de envolvimento da Rússia no assassinato, descrevendo-a como "absolutamente infundada". O Ministério das Relações Exteriores da Rússia considerou as expulsões "infundadas e hostis".

"Uma abordagem tão politizada da investigação é inaceitável", afirmou em comunicado, segundo a agência de notícias estatal russa Tass. "Nós seremos forçados a usar uma abordagem 'olho por olho'".

A ameaça de escalada salientou o potencial do incidente de travar as relações entre Berlim e Moscou, um vínculo frágil para a Alemanha, que tenta equilibrar as diferenças políticas com suas necessidades de energia. A Rússia foi acusada de causar a morte de numerosos oponentes políticos no exterior no passado, mas o assassinato de Berlim - se o envolvimento russo for comprovado - representaria o primeiro homicídio do tipo em solo alemão desde o final da Guerra Fria.

Os promotores de Berlim identificaram a vítima, que foi baleada na cabeça em um parque central de Berlim, como "Tornike K." - um cidadão russo-georgiano de 40 anos que foi designado "terrorista" por Moscou por seu papel no conflito armado com a Rússia. Ele também usava o pseudônimo Zelimkhan Khangoshvili. Entre 2000 e 2004, ele comandou uma milícia chechena que lutou contra as forças russas durante a guerra russo-chechena, disse o promotor alemão em comunicado.

O homem morto também lutou com uma unidade georgiana que defendia a Ossétia do Sul durante a guerra de 2008 entre a Geórgia e a Rússia, segundo o comunicado.

Ele sobreviveu a uma tentativa de assassinato em 2015, apesar de ter sido baleado quatro vezes, e depois fugiu para a Alemanha, onde reivindicou asilo.

Mandado de prisão cancelados

Segundo relatos da imprensa alemã, a vítima foi seguido por um homem em uma bicicleta elétrica e depois foi baleado com uma pistola Glock-26. As autoridades alemãs prenderam um homem identificado como Vadim Sokolov por suspeita de assassinato logo depois do crime. Ele estava viajando com um passaporte russo que as autoridades disseram que acreditam ser genuíno, mas suspeitavam que a identidade dele não era autêntica.

O site investigativo Bellingcat informou na terça-feira que o nome real de Sokolov é Vadim Krasikov. O promotor alemão também disse que era "altamente provável que eles sejam a mesma pessoa", com base em comparações fotográficas.

Krasikov foi alvo de um mandado de prisão internacional emitido pelas autoridades russas em 2014 por um assassinato ocorrido um ano antes em Moscou - um crime que apresentou marcas semelhantes ao assassinato de Berlim. O assassino também se aproximou da vítima em uma bicicleta. As autoridades russas posteriormente alteraram e depois excluíram o anúncio de busca.

"A descoberta de que o Estado russo encerrou o mandado de busca nacional e internacional por Vadim Krasikov, e depois facilitaram a emissão de uma nova identidade falsa para a mesma pessoa, fornece mais evidências convincentes de que o Estado russo estava envolvido no planejamento e facilitação, se não deu a ordem para o assassinato de um cidadão estrangeiro em território alemão", informou o site Bellingcat.

Sergey Nechayev, embaixador da Rússia em Berlim, disse que Moscou está "profundamente decepcionada" com a abordagem dos alemães. "Não havia evidências de envolvimento do governo russo neste incidente", afirmou ele.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que Moscou levará "um tempo" para decidir suas contramedidas em resposta às expulsões. "Somos pessoas atenciosas e primeiro estudaremos do que fomos acusados ​​e por que tudo isso aconteceu", disse ele.

Falando antes da Alemanha anunciar a expulsão dos diplomatas, Peskov disse que não acreditava que o assunto seria um empecilho para uma reunião na próxima semana entre o presidente russo Vladimir Putin e a chanceler alemã Angela Merkel.

No ano passado, a Alemanha expulsou quatro diplomatas após o envenenamento do ex-agente russo Sergei Skripal e sua filha em Salisbury, no sul da Inglaterra. A decisão foi parte de uma onda de expulsões coordenadas na Europa e na Otan depois que as autoridades britânicas concluíram que Moscou era responsável. Skripal e sua filha sobreviveram ao ataque, realizado com um agente nervoso desenvolvido pela Rússia. A Rússia negou qualquer envolvimento.

As consequências diplomáticas com a Rússia do assassinato de Berlim podem ser particularmente sensíveis para a Alemanha, que está tentando aumentar as importações de gás natural russo barato para cumprir a meta de se livrar do carvão mineral. Os Estados Unidos se opuseram veementemente ao Nord Stream 2, um novo e controverso gasoduto entre a Rússia e a Alemanha, pois ele aumentaria a dependência da energia russa pela Europa.

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