A Alemanha conheceu nesta quarta-feira a coalizão de três partidos que deve governar o país pelos próximos quatro anos. Os partidos Social Democrata (SPD), Verde e Democrático Liberal (FDP) apresentaram o seu acordo para formar o governo que marca o fim da era Angela Merkel.
Olaf Scholz, atual ministro das Finanças e líder do SPD, deve substituir Merkel como chanceler. Annalena Baerbock, dos Verdes, será ministra de Relações Exteriores, e Robert Habeck, também líder do Partido Verde, será o titular de um novo "super ministério" que reúne as pastas de economia e meio ambiente. O líder dos liberais, Christian Lindner, será o novo ministro das Finanças.
A chamada "coalizão semáforo", devido às cores dos partidos que a integram, será a primeira aliança de três partidos no governo federal da Alemanha. O novo governo tem como prioridade o combate às mudanças climáticas, além da tarefa mais imediata de enfrentar a pandemia de Covid-19, que recentemente tem atingido números recordes no país.
"Nós queremos ser ousados em relação ao clima e à indústria", afirmou Scholz em entrevista coletiva nesta quarta-feira, ao lado dos outros líderes.
Entre as propostas da nova coalizão para a Alemanha estão planos para a legalização da maconha e o abandono do carvão como energia até 2030 - oito anos antes do que a meta anterior.
Questões prioritárias
O aumento do salário mínimo - dos atuais 9,5 euros por hora para 12 euros - e a criação de um Ministério da Habitação são dois pontos essenciais dos social-democratas, enquanto os ecologistas liderarão a transição para uma economia verde e os liberais darão o tom nas finanças.
O combate à Covid-19, contudo, é uma questão prioritária "em uma altura em que todos os dias assistimos a um novo máximo de incidência", disse Scholz, através de um preâmbulo à apresentação do pacto para a legislatura de 2021 a 2025, para detalhar vários pontos para uma ação imediata.
Paralelamente à criação de uma equipe ou gabinete de crise, que analisará juntamente com especialistas a evolução diária das infecções, Scholz se referiu ao projeto de lei para implementar a vacinação compulsória em setores profissionais essenciais - como os profissionais da saúde e de cuidados para pessoas vulneráveis.
"A vacinação é a saída para essa pandemia. Em instituições de cuidados aos grupos mais vulneráveis, nós devemos tornar a vacinação compulsória", afirmou Scholz.
Merkel, que se encontrou com os líderes da nova coalizão na terça-feira para debater a pandemia, defendeu um lockdown de duas semanas, mas a ideia foi rejeitada pelo novo governo, noticiou o jornal Bild.
"A principal potência industrial da Europa vai receber um novo governo, uma aliança sem precedentes, cujo objetivo é modernizar este país, o que requer um grande esforço", disse Robert Habeck, o líder dos Verdes.
"Estamos enfrentando o grande desafio de uma crise de saúde. Mas estamos também enfrentando outros desafios persistentes, que temos de enfrentar, como a digitalização e a modernização do país", frisou o líder liberal, Christian Lindner.
O roteiro prevê que Scholz seja apresentado para tomar posse no Parlamento na semana de 6 de dezembro. Antes disso, o acorde de coalizão precisa ser aprovado por conferências dos partidos SPD e FDP, enquanto os Verdes colocarão o acordo para votação dos membros. O processo deve começar na quinta-feira e levar em torno de dez dias.
O Partido Social Democrata (SPD) de Scholz, o partido mais votado nas eleições gerais, com 25,7% dos votos, terá sete ministérios, incluindo Saúde, Habitação, Defesa, Interior, Trabalho e Assuntos Sociais.
Os Verdes, com 14,8% dos votos, terão cinco ministérios, entre eles o das Relações Exteriores, a cargo de Annalena Baerbock. O FDP, com 11,5%, ficará com Justiça, Transportes e Educação, além de Finanças.
As negociações envolveram 22 grupos de trabalho e 300 negociadores. Os três partidos têm visões opostas sobre questões essenciais, o que gerou especulação sobre como o novo governo funcionará. Os liberais normalmente estão mais alinhados à centro-direita, enquanto SPD e Verdes tendem à centro-esquerda.
Os Verdes defendem um grande programa de investimentos para o combate às mudanças climáticas, e durante a campanha prometeram aumentar impostos para cobrir o aumento de gastos. Por sua vez, os liberais, que garantiram o Ministério das Finanças, se opõem ao aumento de impostos e ao aumento do teto da dívida.