Uma polêmica troca de sorrisos entre os líderes da França e da Alemanha relacionada ao primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, causou mais descontentamento nesta quinta-feira (27). O governo alemão negou que a chanceler Angela Merkel tenha pedido desculpas, como afirmara o premiê da Itália. No domingo (23), Merkel e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, trocaram sorrisos quando questionados em uma entrevista coletiva de uma cúpula europeia se estavam confiantes com a promessa de Berlusconi de agir para lidar com a profunda crise econômica da Itália. O sorriso causou ressentimento na Itália, onde foi considerado uma humilhação nacional e um insulto. "Com certeza, a risada não foi agradável, mesmo se endereçada a apenas uma pessoa. Ele ainda é o primeiro-ministro de um país", disse à Reuters Giuseppe Vallone, que mora em Roma. Durante uma cúpula na quarta-feira (26), Berlusconi disse a uma televisão italiana que a líder alemã havia pedido desculpas. "A senhora Merkel veio até mim e pediu desculpas pela situação ocorrida e me disse explicitamente que não teve a intenção de denegrir nosso país", afirmou ele. "Portanto, as relações com ela estão extremamente cordiais". O porta-voz de Merkel, Steffen Seibert, porém, disse nesta quinta-feira que "não houve pedido de desculpas, pois não há motivo para isso".
A Alemanha diz que o sorriso foi provocado pela confusão momentânea sobre quem responderia à questão.
Famoso pelas gafes diplomáticas e declarações de mau gosto, Berlusconi foi envolvido há algumas semanas em um episódio segundo o qual gravações judiciais vazadas mostram que ele teria feito comentários vulgares sobre Merkel. A questão, porém, parece ter sido varrida para debaixo do tapete nos dois países, evidenciando o desejo de se evitar um incidente diplomático. Merkel e Sarkozy deram um ultimato a Berlusconi no domingo para que ele aja a fim de combater a enorme dívida pública da Itália. Ele reagiu com braveza, dizendo que ninguém do bloco pode dar lição aos outros.
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