O partido Alternativa para a Alemanha (AfD) adotou neste domingo (1) uma posição clara contra o Islã em uma plataforma que estabelece as bases para a proposta da sigla para conquistar assentos no Parlamento nas eleições federais do próximo ano. O manifesto adotado pelos membros da sigla, reunidos em Stuttgart para a conferência do AfD, afirma que “o Islã não é parte da Alemanha” e rejeita minaretes e o chamado muçulmano para a oração - o movimento mais claro até agora do partido para aproveitar a preocupação generalizada no maior país da Europa sobre o acentuado aumento do número de refugiados nos últimos anos.
Fundado em 2013, o AFD tem visto sua popularidade aumentar em meio à crise dos migrantes, se beneficiando de preocupações crescentes entre os alemães sobre como o país vai conseguir integrar os mais de 1 milhão de migrantes que chegaram à Alemanha no ano passado. O partido está agora representado em oito dos 16 Estados alemães e teve recorde de votos em três eleições estaduais em março, com uma campanha focada na oposição à política de portas abertas aos migrantes de Angela Merkel.
Os líderes do partido procuram agora estender esse sucesso para as eleições federais do próximo ano. Após dois dias de debate, os membros adotaram um manifesto eleitoral de 1.700 páginas com o qual seus líderes procuraram resolver divisões internas sobre a mensagem política do partido.
No discurso de abertura do evento, o chefe da sigla Jörg Meuthen apresentou o AfD como um partido “conservador moderno, livre e saudavelmente patriótico” e argumentou que a cultura da Alemanha deve ser ancorada em valores “cristãos e ocidentais”, e não no Islamismo. “Nosso programa do partido é o caminho para uma Alemanha diferente”, afirmou Meuthen aos mais de 2 mil participantes da convenção. O sucesso recente é “apenas o começo”, afirmou.
O manifesto adotado no domingo afirma que o partido respeita a liberdade de religião, mas declara os minaretes, torres das mesquitas de onde o chamado muçulmano à oração é feito, um “símbolo islâmico de poder”. O partido apoiou a proibição do uso véus de corpo inteiro. A chanceler Angela Merkel, no passado, disse que o Islã tem seu lugar na Alemanha e salientou que a Constituição do país protege a liberdade de religião.
Os membros do partido também falaram sobre a defesa mais forte das fronteiras alemãs. Outros pontos aprovados incluem uma saída alemã da zona do euro, o restabelecimento do serviço militar para os homens jovens, a rejeição da “ideologia do multiculturalismo” e a reafirmação dos valores familiares tradicionais e da cultura nacional. Algumas das propostas mais radicais, como uma lei mais rigorosa contra o aborto e uma saída da Alemanha da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), não chegaram à versão final do documento. O partido também procurou se distanciar de grupos extremistas, aprovando uma moção para dissolver o ramo do AfD no Sarre depois que se descobriu que alguns membros tinham laços com grupos neonazistas.
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