A Central de Esclarecimento dos Crimes Nazistas de Ludwigsburg recomendou nesta terça-feira (3) que a Justiça da Alemanha apresente acusações criminais contra 30 ex-guardas suspeitos de colaborar com o assassinato de judeus no campo de concentração de Auschwitz. A instituição investigou 50 guardas que não foram procurados nas primeiras décadas depois da Segunda Guerra Mundla porque naquela época havia no país um consenso silencioso de que o melhor seria não tocar nas feridas do passado. Dois dos 50 vivem fora da Alemanha e outros dois já foram acusados.
Um deles, Hans Lipschis, está sob custódia desde maio. Ele alega ter trabalhado apenas como cozinheiro da SS, a organização militar responsável por muitos dos crimes contra os judeus.
Estima-se que 900 mil pessoas morreram nas câmaras de gás de Auschwitz. Outros 200 mil morreram de fome, exaustão ou outros efeitos das duras condições de vida dos prisioneiros. Uma vez que a Central de Ludwigsburg não tem o poder para acusar, ainda é cedo para saber quantos dos 30 suspeitos responderão perante um juiz. Quase todos já são nonagenários.
O promotor que dirige a Central, Kurt Schrimm, recomendou aos promotores dos estados onde moram os supostos criminosos de guerra que apresentem as acusações de uma só vez. Assim, poderia agilizar o processo e evitar que os réus morressem antes do julgamento. Apesar de sua recomendação, Schrimm não acredita que as provas reunidas pela Central serão suficientes para processar todos os suspeitos.
Até 2011, os supostos cúmplices do Holocausto se esquivaram da Justiça graças a uma decisão do Tribunal Federal de 1969, que forçava os promotores a apresentar provas de crimes específicos, o que, em muitos casos, era impossível de provar.
A condenação de John Demjanjuk a cinco anos de prisão pela colaboração com 28 mil assassinatos durante os meses que foi guarda no campo de Sobibor estabeleceu jurisprudência. Desde então, basta provar que o acusado foi guarda de um campo de extermínio para condená-lo por sua cumplicidade nos crimes, mesmo sem provar seu envolvimento direto.