A briga sobre quem ganhou as eleições gerais italianas teve um desdobramento novo neste sábado, quando um aliado do premiê Silvio Berlusconi disse ter encontrado um erro no sistema de contagem, que reverteria a derrota dos governistas.
A aliança de centro-esquerda, que proclamou a sua vitória há quatro dias, rebateu a declaração de Roberto Calderoli, um ex-ministro.
O líder da oposição, Romano Prodi, afirmou que Berlusconi deveria se desculpar com a nação e admitir finalmente a sua derrota, nesta que foi a eleição mais disputada da Itália contemporânea. O resultado oficial do pleito depende de uma decisão judicial.
Na sexta-feira, a esperança de Berlusconi de tirar a vantagem de 25.224 votos da lista de Prodi no pleito para a câmara baixa pareceu haver desaparecido, quando o ministro do Interior declarou que não via votos suficientes em disputa para mudar o resultado eleitoral.
O premiê, que também é o homem mais rico da Itália, alegara várias irregularidades no pleito.
Neste sábado, Calderoli reacendeu o debate, ao afirmar ter descoberto uma leva de 45.580 votos, que, segundo ele, foram contados ilegalmente para um partido de centro-esquerda, a Lega Alleanza Lombarda.
- Se alguém está pensando em ir para a praça celebrar com essa contagem do jeito que está, isso seria como um golpe - afirmou ele.
Calderoli acrescentou que fez uma reclamação formal às autoridades eleitorais. De acordo com ele, a Lega Alleanza Lombarda registrou a sua lista de candidatos em um distrito somente, o que não seria suficiente para os seus votos contarem, sob a nova lei eleitoral italiana.
- Convidamos Calderoli a reler a lei que ele diz ter escrito - respondeu a coalizão de Prodi, num comunicado. Segundo a aliança, "em nenhum lugar da lei" está previsto a necessidade de registro num número mínimo de distritos.
A maioria dos aliados de Berlusconi já se distanciou das acusações de irregularidades, mas Sandro Bondi, coordenador do partido de Berlusconi, apoiou Calderoli.
Na sexta à noite, o premiê afirmou em entrevista na TV que a esquerda "não havia vencido ainda" e que de "um ponto de vista moral" o grupo dele era o vitorioso.
A confirmação do resultado eleitoral pela Justiça pode sair na semana que vem, na melhor das hipóteses.