Os aliados do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, estão bombardeando o candidato de oposição à Presidência com ataques que vão de questionamentos sobre a eleição primária vencida por ele à sua orientação sexual. Num prenúncio da acirrada campanha para a eleição presidencial de outubro, Henrique Capriles começou a ser alvo de ataques minutos depois do anúncio da sua vitória nas eleições primárias da coalizão Mesa da Unidade Democrática, no domingo (12). Enquanto Chávez se mantém calado, outros funcionários do governo e a imprensa estatal comandam os ataques, chamando Capriles, um governador estadual que, aos 39 anos, pode se tornar o mais jovem presidente da Venezuela, de "burguês" e "fascista". "Agora sabemos quem é o candidato do imperialismo, do capitalismo, da direita", disse o líder parlamentar Diosdado Cabello, aliado histórico do socialista Chávez. "O candidato antipatriótico tem um rosto. Ele não terá uma campanha eleitoral fácil". Capriles é neto de judeus poloneses. Ele se define como um político "progressista" de centro-esquerda, admirador do modelo brasileiro de "esquerda moderna", que mistura livre mercado com programas sociais.

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Chávez, que governa a Venezuela desde 1999 e goza de forte apoio popular graças aos seus programas sociais, tradicionalmente acusa seus adversários de serem membros da desacreditada elite econômica local. Mas o ataque mais violento contra Capriles partiu do jornalista Mario Silva, apresentador do programa "A Navalha", da TV estatal, que leu no ar um suposto boletim de ocorrência relatando que Capriles foi detido em 2000 fazendo sexo com outro homem dentro de um carro. Capriles negou essa acusação e disse que o documento foi falsificado. A polícia não comentou.

Adal Hernandez, comentarista de uma rádio estatal, escreveu um agressivo perfil de Capriles salientando sua origem judaica, sob o título "O inimigo é o sionismo". Capriles, que é católico praticante, não respondeu a esse perfil. Ele frequentemente cita o fato de seus avós terem fugido do nazismo. O candidato é oriundo de uma família rica, mas passa notavelmente mais tempo andando de camiseta por favelas do que em seu gabinete, e tenta se projetar como alguém acima do lamaçal político. "Não fui eleito para brigar com ninguém, mas para resolver problemas", disse Capriles, que recebeu quase dois terços dos 2,9 milhões de votos dados nas primárias. "O único confronto que eu quero é contra a violência, o desemprego, a corrupção e outros problemas da Venezuela." Governistas também acusaram a oposição de ter inflado artificialmente o número de votos da primária para transmitir a impressão de uma forte mobilização contra Chávez. Além disso, os chavistas querem que a campanha de Capriles divulgue seus doadores, e insinuam que ele teve apoio dos Estados Unidos. A Mesa da Unidade Democrática disse que suas contas estão abertas. Capriles tem criticado a cobertura tendenciosa da imprensa estatal, acusando-a de ignorar frequentes protestos contra a criminalidade e a falta de água, ao mesmo tempo em que noticia "toda vez que uma manga cai num telhado" no Estado de Miranda, governado por ele.

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