Aliados dos Estados Unidos na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) ofereceram mais 7.000 soldados para combater a insurgência liderada pela milícia fundamentalista islâmica Taleban no Afeganistão e há "mais por vir" , anunciou nesta sexta-feira em Bruxelas o secretário-geral da entidade, Anders Fogh Rasmussen.
"Pelo menos 25 países enviarão mais forças para a missão (no Afeganistão) em 2010", declarou Rasmussen a jornalistas depois de presidir uma reunião de chanceleres da Otan em Bruxelas. "Eles ofereceram cerca de 7.000 soldados, e mais podem vir", disse Rasmussen em tom otimista.
A secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, disse aos chanceleres dos países da Otan que é essencial que as contribuições ao esforço de guerra sejam feitas o mais rápido possível. Ela agradeceu a Itália pelo anúncio de que mil soldados italianos serão enviados ao Afeganistão, e à Grã-Bretanha pela promessa de enviar mais 500 soldados. Hillary disse que a assistência não militar também é muito importante. "A necessidade de forças adicionais é urgente, mas a presença delas (no Afeganistão) não será infinita", disse.
Na noite de terça-feira, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, apresentou uma nova estratégia para a guerra no Afeganistão por meio da qual determinou o envio de mais 30.000 soldados americanos ao país asiático. Na ocasião, Obama disse esperar que os exércitos aliados também comprometessem mais tropas.
Ele pediu a outros países que forneçam entre 5.000 e 7.000 tropas. Na quinta-feira, funcionários da Otan demonstraram confiança de que mais de 5.000 mil soldados serão enviados.
Rasmussen disse nesta sexta-feira que "além das claras promessas já anunciadas, ouvimos algumas indicações...de que outros aliados e parceiros provavelmente estarão em condição de anunciar contribuições nas próximas semanas e meses".
"A Isaf (Força Internacional de Assistência à Segurança, pela sigla em inglês) terá pelo menos mais 37.000 soldados em 2010 do que teve neste ano", disse ele. "Isso é a solidariedade em ação"
Como Obama anunciou o início da retirada das forças norte-americanas em meados de 2011, Rasmussen afirmou que não deve haver uma retirada rápida do país, onde a Otan lidera mais de 70.000 soldados de 40 países. "Não há dúvida de que será difícil, ninguém deve esperar resultados instantâneos", disse ele.
Hillary pediu à Otan e seus parceiros no Afeganistão para se unirem à nova estratégia de combate à insurgência afegã e "encerrar (o combate) juntos". "Esta é a nossa luta, juntos. E nós precisamos terminá-la juntos".
"Os Estados Unidos não vão pedir aos outros o que nós mesmos não estamos preparados para fazer", afirmou Hillary. "Nós precisamos nos unir na Otan e na Isaf porque reconhecemos que nossa segurança é partilhada, que temos uma responsabilidade coletiva", disse a secretária de Estado segundo uma transcrição de suas declarações fornecida pelo Departamento de Estado.
"Os Estados Unidos reafirmaram seu compromisso. Nós esperamos que nossos aliados e nossos parceiros na Isaf se juntem a nós. Estamos nisso juntos. E apenas juntos podemos conseguir o sucesso".
O anúncio de Obama de que tropas norte-americanas começariam a ser retiradas em meados de 2011 causou preocupações no Afeganistão e no Paquistão, mas Hillary tentou assegurar à Otan que isso só vai acontecer se as condições permitirem.
"Na época, começaremos a transferir autoridade e responsabilidade para as forças de segurança afegãs, removendo forças de combate do Afeganistão com a segurança de que o futuro do Afeganistão, e o nosso, esteja seguro", disse ela.
"O ritmo, tamanho e escopo da retirada será baseado na situação em terra. Se as coisas estiverem bem, um maior número de forças poderá ser removido de mais áreas. Senão, o tamanho e a velocidade da retirada será ajustada de acordo".
Mas Hillary disse que é importante sinalizar ao novo governo afegão que ele também deve acelerar seus esforços porque a presença de tropas internacionais não pode durar para sempre.
"Mesmo que sinalizemos a solução com o envio de mais tropas e um compromisso civil de longo prazo, queremos enviar o sinal de que nossa presença de combate não é permanente e enviar um sentido de urgência aos afegãos para que façam o que sabemos que eles são capazes de fazer".