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Eleições na Itália

Aliados questionam acusações de fraude feitas por Berlusconi

Aliados do primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, levantaram dúvidas, nesta quinta-feira, sobre as acusações de fraude eleitoral feitas por ele na quarta-feira. Um parceiro de coalizão chegou a dizer que a reavaliação do processo não mudaria o resultado final do pleito.

Berlusconi exige que as eleições de 9 e 10 de abril, vencidas pelo bloco de centro-esquerda (de Romano Prodi) por uma pequena margem de votos, sejam canceladas devido à prática de "fraudes generalizadas". Prodi afirma ter vencido o pleito legitimamente, mas jornais relatam nesta quinta-feira que o premiê pode pedir a recontagem de mais de 1 milhão de votos.

A indefinição sobre a situação política atingiu os títulos do governo italiano e derrubou a bolsa de valores de Milão.

Tentando restabelecer a calma, alguns membros de peso da centro-direita, liderada por Berlusconi, disseram não ter visto nada de excepcionalmente errado com a eleição, a mais disputada da história moderna do país.

- As checagens (de votos) sempre foram feitas, mas não acredito que elas vão mudar o resultado desta eleição - disse Lorenzo Cesa, chefe da União dos Democratas Cristãos (UDC), um dos quatro partidos centrais da coalizão de Berlusconi.

Ignazio La Russa, um nome importante do partido Aliança Nacional (conservador), também se distanciou das acusações de fraude.

- Não tive notícias sobre fraudes. Ouvi notícias sobre irregularidades graves, mas isso não é uma novidade. Elas acontecem em todas as eleições - afirmou La Russa à Radio Popolare, acrescentando, no entanto, que Berlusconi não deveria nunca ser subestimado.

Segundo dados do Ministério do Interior, a centro-esquerda conquistou a câmara baixa do Parlamento com uma vantagem de apenas 25 mil votos em um universo de 38,1 milhões de votos.

O premiê recusou-se a reconhecer a derrota e, no começo desta semana, exigiu a reavaliação de 43 mil votos duvidosos não incluídos na contagem final. Na quarta-feira, o dirigente sugeriu que o problema poderia ser muito maior, afirmando que "60 mil denúncias" de irregularidades em toda a Itália deveriam ser verificadas "uma a uma".

Segundo a lei italiana, apenas os votos oficialmente registrados como duvidosos podem ser revistos logo depois do pleito. Mas Berlusconi poderia baixar um decreto ampliando esse universo. A medida teria de ser aprovada pelo presidente italiano, Carlo Azeglio Ciampi.

O Ministério do Interior, que supervisionou a eleição, disse que pouco mais de 1 milhão de votos deixaram de ser incluídos na contagem final porque foram deixados em branco ou porque foram rasurados. Essa cifra é 60% menor que a registrada na eleição de 2001.

Questionado sobre se havia encontrado indícios de fraude nas eleições, o ministro italiano do Interior, Giuseppe Pisanu, respondeu: "Sem comentários".

Uma checagem de rotina sobre 43 mil votos duvidosos está sendo realizada por autoridades judiciais e deve ser concluída até sexta-feira. O premiê afirmou que a revisão pretendida por ele duraria "vários dias" para terminar.

O índice da bolsa de valores de Milão para ações de primeira linha caía 0,4% às 8h30 (horário de Brasília) da quinta-feira. O "spread" entre os títulos de dez anos da Itália e da Alemanha atingia seu nível mais alto dos últimos quatro anos.

Mesmo sem acusações de fraude, a Itália depara-se com um mês de indefinição política antes de um novo governo ser empossado porque o processo terá de esperar a eleição de um novo presidente, encarregado de supervisionar a transição.

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