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Busca por estabilidade

Aliança entre Israel e Arábia Saudita, acordo com Irã: o plano de Trump para o Oriente Médio

O presidente dos EUA, Donald Trump, e o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, do Reino da Arábia Saudita, no Salão Oval da Casa Branca em 2018 (Foto: EPA/KEVIN DIETSCH / POOL)

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Nos primeiros dias no cargo de presidente dos Estados Unidos, Donald Trump reivindicou crédito pelo êxito nas negociações entre Israel e o grupo extremista Hamas, que resultaram em uma trégua na guerra que já dura longos 15 meses. Nas últimas duas semanas, sete reféns foram libertadas, enquanto outros seis são aguardados até o sábado (1º).

Mas os planos do líder americano para o Oriente Médio são ainda maiores: Trump tem um projeto para estabilizar a região que conta com investimentos, alianças entre países e um "acordo" para conter ameaças terroristas patrocinadas pelo Irã.

O principal plano do republicano envolve a normalização das relações entre Israel e a Arábia Saudita. O primeiro destino do enviado de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, foi justamente o país árabe.

Outro sinal de que esse projeto está em andamento é o fato de que o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, foi o primeiro líder estrangeiro com quem Trump falou desde que retornou ao cargo. A Arábia Saudita disputa um papel de potência regional com o Irã e o Catar.

Analistas defenderam durante o início da guerra com o Hamas que uma das razões para o massacre terrorista em território israelense foi justamente as tratativas que estavam em andamento até 2023 entre Tel Aviv e Riad, capital saudita. O conflito regional, então, enterrou qualquer chance de acordo nesse sentido, visto que os países árabes se uniram em prol da "causa palestina" e a proposta de criação de Dois Estados, impedindo o retorno dos planos de cooperação enquanto essas demandas não fossem cumpridas por Israel.

Nesta terça-feira (28), o embaixador israelense nos Estados Unidos, Yechiel Leiter, concedeu uma entrevista ao Jerusalem Post, na qual afirmou que Tel Aviv estaria “mais perto do que nunca” da normalização das relações com a Arábia Saudita.

Leiter destacou que a derrota do regime sírio de Bashar Al-Assad e o enfraquecimento dos braços terroristas do Irã, Hezbollah e Hamas, proporcionaram um "realinhamento estratégico" na região. Ele considerou este um período de "oportunidade" para os interesses dos dois países.

“Existem poucos países no mundo, além de Israel, que querem ver o Hamas mais degradado. E um dele é a Arábia Saudita", afirmou ao Jerusalem Post. Leiter enfatizou a "moderação" de certos países árabes da região como o governo saudita. "A Arábia Saudita reconhece que derrotar esses elementos é crucial para sua própria modernização”.

O Irã ainda é uma questão sensível para Washington no Oriente Médio devido ao programa nuclear que o país desenvolve, do qual não há muitas informações disponíveis.

Antes da nova posse presidencial, Trump estava avaliando algumas opções para conter a ameaça de Teerã. Uma das listadas - e a mais drástica - envolve a possibilidade de ataques aéreos "preventivos", ação no entanto que romperia com a política de longa data dos EUA de resolver os conflitos indiretos com o Irã por meio da diplomacia e de sanções. Outra opção seria um acordo envolvendo questões de interesse mútuo aos países.

No entanto, o próprio Irã tem demonstrado que não quer uma expansão das tensões com o Ocidente. Segundo o jornal britânico Financial Times, o país persa tomou uma decisão simbólica que tem o seu valor para as relações entre as nações: pouco antes da posse de Trump, o regime de aiatolás retirou a pintura da bandeira americana no chão do complexo presidencial - o desenho estava lá para que os visitantes pudessem passar por cima das estrelas e listras ao entrar.

Apesar de ser uma ameaça constante ao principal aliado de Washington no Oriente Médio - Israel - o Irã enfrenta uma posição regional enfraquecida com a guerra mantida em Gaza e as seguidas derrotas de suas milícias do Eixo da Resistência.

O presidente americano já indicou antes mesmo de assumir o cargo que não pretende iniciar novos conflitos na região, principalmente um que possa "obrigar" o Exército dos EUA a se mobilizar, já que ataques a instalações nucleares de Teerã colocariam os dois países em rota de colisão.

Um dos caminhos estudados pela Casa Branca, segundo relataram fontes ao jornal The Wall Street Journal (WSJ), é aumentar a pressão militar dos EUA com o envio de mais tropas para a região, além de aviões de guerra e navios. Outra possibilidade envolve a venda de armas avançadas para Israel - nos últimos dias, o governo Trump voltou a liberar o envio de armas pesadas para Tel Aviv que estavam bloqueadas pelo governo de Joe Biden.

O presidente dos EUA, Donald Trump, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em encontro na Casa Branca, durante primeiro mandato. Crédito: EFE/EPA/MICHAEL REYNOLDS (Foto: EFE/EPA/MICHAEL REYNOLDS)

Apesar da diferentes opções, com suas particularidades, não está claro qual será a estratégia dos EUA sob a gestão de Donald Trump.

Por enquanto, na primeira semana de mandato, o republicano dedicou parte do seu tempo a reiterar o apoio do país a Israel, cujo primeiro-ministro é Benjamin Netanyahu. Segundo informado pelo gabinete do político israelense, Trump o convidou a visitar a Casa Branca na próxima terça-feira (4).

A breve mensagem com o anúncio diz que “o primeiro-ministro Netanyahu é o primeiro líder mundial a ser convidado para a Casa Branca durante o segundo mandato do presidente Trump”. Netanyahu também foi um dos primeiros líderes internacionais a parabenizar o empresário após sua vitória na eleição presidencial americana.

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