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A opositora Aliança Cívica pela Justiça e Democracia da Nicarágua apontou na segunda-feira (7) a ditadura do ex-guerrilheiro sandinista Daniel Ortega como o principal partido responsável pelo êxodo massivo de nicaraguenses para outros países, principalmente os Estados Unidos.
"O governo nicaraguense é o principal ator que força a migração dos seus concidadãos, que não têm nenhuma oportunidade de viver em paz", disse a coordenadora do Conselho Executivo da Aliança Cívica, Daisy George West, em declaração escrita.
Durante o ano fiscal de 2022 (1º de outubro de 2021 a 30 de setembro deste ano), autoridades dos EUA detiveram 164.600 imigrantes nicaraguenses sem documentos, de acordo com a agência de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP).
Esses 164.600 migrantes nicaraguenses representam 2,5% da população total da Nicarágua, estimada em 6,6 milhões.
Ortega, por outro lado, responsabilizou as sanções impostas por Washington pelo êxodo de migrantes irregulares que chegam aos Estados Unidos, o que inclui um aumento substancial do número de cubanos, nicaraguenses e venezuelanos.
A opositora George West argumentou que o governo é o responsável, e citou como exemplo as eleições municipais realizadas neste domingo na Nicarágua, que, segundo ela, foram realizadas sem competição eleitoral, o que desmotiva os nicaraguenses.
Destruição das insituições democráticas
"A pantomima foi consumada. Não houve eleições na Nicarágua, o povo não teve escolha, porque os resultados já estavam selados", declarou.
A governista Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) varreu as eleições, nas quais não houve surpresas, ao se apoderar de todas as 153 prefeituras em disputa, uma vez que três partidos políticos da oposição foram proibidos de participar e os principais dissidentes permaneceram na prisão.
"A destruição da institucionalidade democrática, e aos olhos da comunidade internacional, é uma situação triste, mas real", comentou a líder opositora.
Outra das razões que obrigam os nicaraguenses a migrar é o "estado de repressão que (está) sendo vivido em todas as áreas" e do qual os trabalhadores estatais não escaparam. Segundo ela, "foram forçados a ir votar porque, de outra forma, o desemprego os esperaria".
A economia nicaraguense recebeu um montante recorde de US$ 2,258 bilhões em remessas familiares entre janeiro e setembro deste ano, 45% a mais do que no mesmo período em 2021, de acordo com dados do Banco Central da Nicarágua.
Esse montante recebido em remessas familiares até setembro representa 16,1% do produto interno bruto (PIB) da Nicarágua, e também supera os US$ 2,146 bilhões que a economia nicaraguense captou em remessas em todo o ano de 2021, de acordo com números oficiais.