O neurologista Carlo Alberto de Fanti informou nesta quinta-feira (5) que a redução da alimentação da italiana Eluana Englaro vai começar nesta sexta (6).
A família de Eluana ganhou o direito de deixá-la morrer depois de 17 anos de estado vegetativo. Ela está em coma desde que sofreu um acidente de carro em 1992.
Fanti, um dos encarregados de cuidar de Eluana em uma clínica de Udine, disse que "seguirá estritamente o protocolo".
A equipe de voluntários vai suspender progressivamente a alimentação e a hidratação dela, mas sem retirar a sonda nasogástrica que a mantém viva, até sua morte, conforme autorizado pela Justiça da Itália depois de uma batalha judicial de dez anos.
Segundo os especialistas, Eluana deve demorar pelo menos duas semanas para morrer.
O caso Eluana provocou polêmica e debate na Itália. O premiê Silvio Berlusconi disse que está estudando aprovar um decreto urgente para barrar a sentença.
Silêncio e respeito
O pai de Eluana pediu silêncio e respeito nos últimos dias da filha.
Em declarações publicadas na quarta pelo jornal La Repubblica, Giuseppe Englaro pediu que "se coloque uma cortina" ao redor da cama da filha.
Giuseppe Englaro disse que não voltará a falar até que "termine tudo".
A família Englaro pediu na terça-feira, por intermédio de seu advogado, Vittorio Angiolini, que "o episódio final desta tragédia seja concluído com silêncio" e anunciou que não serão emitidos boletins médicos sobre o estado de Eluana.
A decisão de permitir o fim da vida de Eluana gerou um imenso debate na Itália, com o Vaticano apoiando os adversários do "direito de morrer".
Em 21 de janeiro, um tribunal de Milão derrubou uma decisão de autoridades regionais que impedia os hospitais da região de cooperar com o fim da vida de Eluana. Isso encerrou a batalha judicial de dez anos travada pelo pai de Eluana, Beppino.
Um clínica geriátrica de Udine ofereceu-se para encerrar a vida de Eluana, dizendo-se preparada para os procedimentos.
No domingo, o Papa Bento XVI rejeitou a eutanásia como uma "falsa resposta" ao sofrimento, dizendo que aqueles que estão com dor deveriam ter ajuda para enfrentá-la. O pontífice apoiou a campanha da Igreja Católica contra a eutanásia de Eluana.