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A coalizão oposicionista e secular de Iyad Allawi conquistou a maior bancada na eleição iraquiana deste mês, segundo totalização provisória divulgada nesta sexta-feira. Mas os resultados são apertados e prenunciam uma longa disputa pela formação do novo governo.

O bloco multisectário Iraqiya, comandado por Allawi, conseguiu 91 vagas parlamentares, 2 a mais do que a coalizão Estado de Direito, do primeiro-ministro Nuri Al Maliki. O bloco xiita Aliança Nacional Iraquiana, ligado ao Irã, ficou em terceiro, com 70 cadeiras.

Allawi disse pela TV que irá estender "mãos e coração" a todos os grupos. "Para todos os que querem e desejam participar da construção do Iraque, vamos juntos sepultar o sectarismo político e o regionalismo político", afirmou ele.

A eleição parlamentar anterior do Iraque, em 2005, havia sido marcada por forte violência sectária, e os políticos levaram mais de cinco meses para formar o governo.

Quase três semanas depois da eleição de 7 de março, o resultado ainda provisório de cem por cento das urnas mostra Maliki à frente em Bagdá e nas províncias do sul, majoritariamente xiitas, enquanto Allawi domina no norte e oeste, onde os sunitas predominam.

Após o anúncio dos resultados, houve disparos de arma de fogo em Bagdá, a título de comemoração.

A Aliança Nacional Iraquiana está negociando uma fusão com o Estado de Direito, mas uma coalizão entre esses dois grupos, isolando Allawi, poderia causar ressentimentos entre os sunitas, que perderam privilégios no país depois da queda do regime de Saddam Hussein, em 2003.

Os Estados Unidos cumprimentaram o Iraque por suas eleições e elogiaram o fato de que os observadores domésticos e internacionais não relataram sinais de fraudes graves ou generalizadas.

"Isso representa um marco significativo no atual desenvolvimento do Iraque", disse P.J. Crowley, porta-voz do Departamento de Estado norte-americano.

Mas Maliki contestou a ideia de que seu rival formará a maior bancada. "Certamente não vamos aceitar esses resultados", afirmou ele em entrevista coletiva.

Tony Dodge, analista da Universidade de Londres, qualificou o resultado como um "uma crítica daninha ao partido governista, àqueles que dominaram a política iraquiana nos últimos cinco anos. Só temos de ver se Allawi tem recursos para formar um governo."

Embora o resultado preliminar inclua cem por cento dos votos, ele ainda precisa ser certificado pela Justiça.

Violência

Duas bombas mataram 42 pessoas e deixaram outros 65 feridos na província iraquiana de Diyala, de maioria sunita, nesta sexta-feira (26), revelando tensões pouco antes da divulgação dos resultados preliminares das eleições parlamentares de 7 de março.

Um carro-bomba e uma bomba de beira da estrada explodiram na cidade de Khalis, cerca de 80 quilômetros ao norte de Bagdá, segundo informações da polícia.

Diplomatas estrangeiros e analistas expressaram preocupação com a possibilidade de nova onda de violência caso os partidos derrotados não aceitem os resultados. A violência diminuiu drasticamente nos últimos dois anos mas ataques de insurgentes sunitas ocorrem diariamente.

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