A Alta Comissária para Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Navi Pillay, acusou tanto Israel quanto militantes do Hamas de cometer crimes de guerra no confronto na Faixa de Gaza, mas reservou as palavras mais duras ao governo israelense, que, segundo declarações feitas por ela nesta quinta-feira, desafia deliberadamente a lei internacional.
De acordo com Pillay, ao instalar e disparar foguetes em e contra áreas densamente povoadas os dois lados estão cometendo "uma violação da lei humanitária internacional e, portanto, um crime de guerra".
"Instalar foguetes em meio a escolas e hospitais ou mesmo lançá-los de áreas densamente povoadas são violações à lei humanitária internacional", disse Pillay, referindo-se ao Hamas. Ela acrescentou, porém, que não "absolve" Israel de violar a mesma lei.
Mais de 1.300 palestinos, a maioria civis, e 59 israelenses, a maioria soldados, já perderam suas vidas nos confrontos.
Os ataques aéreos israelenses contra o Hamas se intensificaram e passaram também a incluir uma ofensiva terrestre no dia 17 de julho. Pillay afirma que o governo desafia a lei internacional em Gaza ao atacar áreas civis onde há escolas, hospitais, residências e instalações da ONU.
"Nada disse parece acidental para mim", disse Pillay sobre Israel durante uma coletiva de imprensa realizada em Genebra para marcar o fim de seu mandato de seis anos. "Eles parecem provocadores, um desafio deliberado, das obrigações que a lei internacional impõe a Israel."
Ela também criticou os ataques de Israel à usina de energia, sistemas de esgoto e de água em Gaza como parte de um padrão similar à destruição provocada no território em 2009.
"O que vejo agora é a repetição dos mesmos fatos que a missão de averiguação em Gaza indicou como crimes de guerra e crimes contra a humanidade."
Pillay também responsabilizou os Estados Unidos, o principal aliado de Israel, por fornecer apoio financeiro para o sistema de defesa de mísseis israelense, conhecido como Domo de Ferro. "Nenhuma proteção como esta foi fornecida aos moradores de Gaza contra os ataques", disse ela. Fonte: Associated Press.
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