Ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, durante declarações no Palácio de Miraflores, em Caracas| Foto: EFE/ Prensa Miraflores
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O petróleo é a espinha dorsal da Venezuela. Por meio dele, a economia do país é levantada ou destruída. Por isso, as sanções impostas à Rússia, sobretudo na compra de combustíveis, estão favorecendo a ditadura comunista de Nicolás Maduro no país sul-americano. Com a alta do petróleo, a Venezuela, que é um dos maiores produtores do mundo, pode sair na frente com as exportações.

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Depois de quase uma década em crise generalizada, fugir do foco das sanções internacionais pode ajudar na recuperação econômica da ditadura venezuelana. Assim, a abertura do mercado para as exportações de petróleo e fertilizantes já elevou a autoestima do ditador Maduro. Nos últimos meses, o mandatário tem repetidamente falado sobre um "renascimento do país".

Na próxima semana, a Venezuela vai começar a vender ações de empresas estatais. É uma tentativa de capitalizar empresas atingidas pela crise e pela falta de investimentos.

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“Colocaremos à venda entre 5% e 10% das ações de várias empresas públicas para o investimento nacional, fundamentalmente, ou internacional. E você poderá se tornar um investidor”, anunciou Maduro em pronunciamento no canal estatal VTV, na quarta-feira (11).

Em comemoração ao Dia Internacional do Trabalho, o ditador anunciou no começo do mês o benefício de 10 mil bolívares (o equivalente a cerca de R$ 11 mil) para os venezuelanos que se aposentaram entre janeiro de 2018 e maio deste ano. Em um evento em Caracas, Maduro declarou que, em meio à "guerra econômica imperialista", a vida dos aposentados foi afetada. "Houve aposentados que ficaram com uma remuneração miserável."

Na ocasião, o mandatário também anunciou a criação de um fundo especial de financiamento de projetos para trabalhadores. "Um fundo financeiro que terá como aporte inicial a quantia de 100 milhões de bolívares (cerca de R$ 109 milhões) para investir em projetos dos trabalhadores".

Esse cenário econômico mais otimista iniciou ainda em março. Enquanto impunham restrições à Rússia, autoridades americanas passaram a negociar a suspensão das sanções impostas à Venezuela, já que o foco dos Estados Unidos, no governo de Joe Biden, passou a ser enfraquecer a Rússia.

A alta do petróleo se acentuou desde o início da guerra na Ucrânia. Nos dias anteriores à invasão russa, deflagrada em 24 de fevereiro, o preço do barril de petróleo cru estava na faixa dos US$ 90. Nesta sexta-feira (13), estava em US$ 110.

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Em abril, a PDVSA e suas joint ventures exportaram em média 644.870 barris de petróleo cru e produtos refinados por dia, de acordo com dados dos cronogramas de carregamento internos da estatal e de rastreamentos de petroleiros coletados pelo serviço de informações para o mercado financeiro Refinitiv Eikon, reproduzidos pela agência Reuters.

Guerra na Ucrânia tira o foco da Venezuela

O bloqueio americano à ditadura venezuelana começou em dezembro de 2014, quando o congresso dos Estados Unidos aprovou a Lei de Defesa dos Direitos Humanos na Venezuela, que previa a primeira aplicação de sanções. Em 2015, o então presidente Barack Obama assinou um documento que declarava o país sul-americano como uma "ameaça para a segurança interna do Estados Unidos".

O governo do ex-presidente Donald Trump passou a reforçar as pressões econômicas à Venezuela em 2017. Dois anos depois, estendeu as sanções ao setor petrolífero e o país passou a depender da China, da Rússia e do Irã para a estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) se manter em funcionamento, mesmo à beira do colapso. Nos últimos anos, são centenas de sanções que partem, principalmente, dos Estados Unidos e da União Europeia, mas que envolvem também o Canadá e o Reino Unido.

Entre as sanções, a Venezuela ficou impedida de realizar transações em dólar, o que encareceu o câmbio por anos. O país necessita importar a maior parte dos produtos de consumo interno, por isso o poder de compra do venezuelano despencou. Dessa forma, também ficou mais difícil manter a infraestrutura no refino de petróleo e os prejuízos anuais se tornaram bilionários.

No ano passado, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, o ditador venezuelano pediu pelo fim das restrições. "A Venezuela sofre uma agressão permanente e sistemática através de sanções econômicas, financeiras e petrolíferas", reclamou Maduro.

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Quando as delegações americanas passaram a negociar com a ditadura venezuelana, políticos americanos alertaram sobre os riscos dessa manobra geopolítica. O senador Marco Rubio, republicano da Flórida, tuitou: “A Casa Branca ofereceu abandonar aqueles que buscam a liberdade da Venezuela em troca de uma quantidade insignificante de petróleo”.

Já o senador democrata Robert Menendez, de Nova Jersey, disse em comunicado que retomar o comércio de petróleo com a Venezuela “arrisca perpetuar uma crise humanitária que desestabilizou a América Latina e o Caribe por uma geração inteira”.

Esta semana, a ONG Programa Venezuelano de Educação Ação em Direitos Humanos (Provea) divulgou um aumento de 148% dos casos de tortura na Venezuela entre janeiro e dezembro de 2021.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]