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Guerra no Oriente Médio

Alto funcionário da ONU afirma que o Hamas não é grupo terrorista, mas um “movimento político”

Martin Griffiths: subsecretário geral para Assuntos Humanitários e Coordenador de Ajuda de Emergência da ONU afirmou que o Hamas é um movimento político em entrevista (Foto: EFE/EPA/SALVATORE DI NOLFI)

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O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários e Coordenador de Ajuda de Emergência, Martin Griffiths, afirmou durante uma entrevista ao canal Sky News que o Hamas não é considerado um grupo terrorista para a organização , mas um "movimento político".

Griffiths fez a afirmação após um questionamento do entrevistador sobre se a insistência de Israel de que a milícia nunca faça parte de um futuro governo palestino é realista. O integrante da ONU disse então que “é muito difícil desalojar estes grupos sem uma solução negociada que inclua as suas aspirações”.

Depois da entrevista, o alto funcionário recebeu seguidas críticas pela fala, principalmente de autoridades israelenses, e se manifestou nas redes sociais. No Twitter, ele afirmou que sua declaração foi no sentido das Nações Unidas não classificarem o Hamas como um grupo terrorista. “Só para esclarecer: o Hamas não está na lista de grupos designados como organizações terroristas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, como vocês sabem, é um movimento político".

Apesar disso, ele disse que “isso não torna os atos de terror do dia 7 de outubro menos horríveis e repreensíveis".

Posteriormente, uma porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, sublinhou por meio de um comunidade oficial que altos funcionários das Nações Unidas, incluindo Griffiths, condenaram o “abominável ataque terrorista” do Hamas e disseram que “não poderia haver justificação para o episódio”.

“Como já dissemos muitas vezes aqui, e o próprio secretário-geral não há muito tempo, para as Nações Unidas, a designação de uma entidade como grupo terrorista ou organização terrorista só pode ser feita pelo Conselho de Segurança”, disse Stephane Dujarric.

Griffiths disse ainda que “se você deseja ter segurança com pessoas que inevitavelmente continuarão a ser seu vizinho de uma forma ou de outra, você terá que criar um relacionamento baseado em alguns valores compartilhados”.

Em resposta aos comentários do entrevistado, o ministro das Relações Exteriores de Tel Aviv, Israel Katz, publicou, em inglês, nas redes sociais: “Que vergonha”. Em hebraico, Katz tuitou uma mensagem mais incisiva: “As Nações Unidas atingem novos mínimos todos os dias”, escreveu ele, apontando para declarações de Griffiths, bem como de Guterres.

“Eliminaremos o Hamas com ou sem eles", disse ainda o representante do governo israelenses.

O embaixador de Tel Aviv na ONU, Gilad Erdan, também criticou Griffiths, chamando o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários de “uma organização que desculpa o terrorismo, promove o Hamas e culpa as vítimas”.

“A posição pró-Hamas da ONU é finalmente exposta ao vivo na TV”, Erdan postou no X. “O assassinato brutal de centenas de civis não é terror? A violação sistemática de mulheres não é terror? A tentativa de genocídio judaico não é terror?”

Voltando-se para Griffiths, Erdan escreveu: “Você não é 'humanitário'. Infelizmente, você é um colaborador do terrorismo.”

Após o episódio, a Casa Branca também se manifestou na discussão, reafirmando a designação do Hamas como organização terrorista. “O Hamas é uma organização terrorista. Nós já dissemos isso. Isso é, Simplesmente é”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, em resposta a uma pergunta sobre os comentários de Griffiths durante uma coletiva de imprensa. “Você não precisa ir além do que eles fizeram no dia 7 de outubro para ver a situação em termos claros".

“Dê uma olhada no manifesto deles, mesmo aquele que foi dito diluído em 2017. Não há dúvida de que eles só querem varrer Israel do mapa. Esta é uma organização terrorista. Puro e simples. Ponto final”, enfatizou Kirby.

Israel criticou repetidamente os funcionários da ONU desde o início da guerra pelo que considera ser uma falha na condenação do Hamas e acusou alguns de seus trabalhadores humanitários no terreno em Gaza de colaborarem com o grupo terrorista - mais notavelmente 12 funcionários da UNRWA que disse ter participado do massacre de 7 de outubro.

A acusação levou vários países a congelar o financiamento da agência, exigindo uma investigação aprofundada da situação. Na semana passada, as Forças de Defesa de Israel (IDF) mostraram aos repórteres um centro de dados do Hamas localizado diretamente abaixo da sede da UNRWA na cidade de Gaza.

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