A Organização das Nações Unidas (ONU) deveria impor uma moratória aos projetos de geoengenharia (tais como vulcões artificiais e grandes esquemas de produção de nuvens) para combater a mudança climática, afirmam grupos ecológicos, que temem que esses projetos prejudiquem a natureza e a humanidade.
Os riscos são muito grandes porque os impactos da manipulação da natureza em larga escala não são totalmente conhecidos, disseram os grupos numa importante conferência da ONU no Japão destinada a combater as perdas cada vez maiores de espécies animais e vegetais.
Os enviados de quase 200 países estão reunidos em Nagoya a fim de aprovar metas de combate à destruição de florestas, rios e recifes de corais que proporcionam os recursos essenciais ao sustento de comunidades e a economias.
Uma causa importante para as rápidas perdas na natureza é a mudança climática, afirma a ONU, ressaltando a urgência para que o mundo faça o que for possível para conter o aquecimento global e evitar secas extremas, enchentes e a elevação do nível das marés.
Alguns países consideram os projetos de geoengenharia de bilhões de dólares uma forma de controlar a mudança climática, cortando a quantidade de luz solar que atinge a Terra ou absorvendo o excesso de emissões de gases-estufa, em especial o dióxido de carbono.
"É totalmente inapropriado que alguns governos de países industrializados tomem a decisão de experimentar a geoengenharia sem a aprovação de todo o apoio do mundo", disse à Reuters Pat Mooney, da organização ativista com sede no Canadá ETC Group, nos bastidores do encontro que acontece de 18 a 29 de outubro.
"Eles não deveriam fazer experiências com a vida real, com o ambiente, nem empregar qualquer geogenharia antes de haver um consenso na ONU de que isso seja ok."
Alguns grupos conservacionistas afirmam que a geoengenharia é uma forma de certos governos e empresas evitarem medidas para cortar as emissões ligadas ao aquecimento do planeta.
O painel climático da ONU diz que uma revisão da geoengenharia será parte de seu próximo grande relatório, em 2013.
Alguns dos esquemas de geoengenharia propostos incluem:
-- fertilização do oceano;
-- borrifar água marinha na atmosfera a fim de aumentar a reflexibilidade e a condensação das nuvens, para que reflitam mais luz solar de volta para o espaço;
-- a instalação de trilhões de minúsculos refletores no espaço para cortar a quantidade de luz solar que chega à Terra;
-- vulcões artificiais.
Os ambientalistas afirmaram que a geoengenharia vai contra o espírito das conversações de Nagoya, que tem como objetivo estabelecer novas metas para 2020 a fim de proteger a natureza, tais como o estabelecimento de novas áreas de proteção terrestres e marinhas, a redução da poluição e o manejo da pesca.
"Certamente defendemos mais pesquisas (de geoengenharia), como em todos os campos, mas não a sua implementação, por enquanto, porque é muito perigoso. Não sabemos quais podem ser os efeitos", disse François Simard, do grupo conservacionista IUCN.