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O presidente da Itália, Giorgio Napolitano, cancelou na quinta-feira (26) sua participação em uma conferência depois que apoiadores centro-direitistas de Silvio Berlusconi ameaçaram deixar o Parlamento, e disse que a ação pode prejudicar os trabalhos do Parlamento.

Uma crise ronda a Itália desde que Berlusconi, sócio da ampla coalizão do premiê Enrico Letta, foi condenado no mês passado a quatro anos de prisão por fraude tributária. A pena foi convertida em um ano de prisão domiciliar ou serviço comunitário.

Uma renúncia em massa dos membros do partido Povo da Liberdade (PDL) "seria um golpe nas raízes da capacidade de funcionamento do Parlamento", disse Napolitano em um incomum comunicado contundente.

"Ainda há tempo, que espero seja bem utilizado, para encontrar uma maneira de expressar -se isso é o que parlamentares do PDL querem fazer- sua empatia política e humana com relação ao presidente do PDL sem colocar em risco o funcionamento das duas Casas do Parlamento", disse

Na noite de quarta-feira, aliados de Berlusconi ameaçaram novamente derrubar o governo caso uma comissão especial do Senado, que se reúne em 4 de outubro, casse o mandato de Berlusconi, um magnata da mídia de 76 anos.

Letta tem dito que a Itália precisa de estabilidade política para enfrentar uma recessão que já dura mais de dois anos e uma dívida pública de 2 trilhões de euros (2,7 trilhões de dólares).

Rumores de que a nota de crédito do governo seria novamente rebaixada fizeram a Bolsa de Milão cair e elevaram os juros pagos nos títulos públicos com vencimento em 10 anos, que balizam o mercado.

Napolitano, que participaria de uma conferência sobre o ex-premiê Alcide de Gasperi, enviou mensagem a Berlusconi explicando que "um repentino desenvolvimento político que é institucionalmente perturbador" exigia sua atenção.

É difícil avaliar a seriedade da nova ameaça, por causa dos sucessivos sinais contraditórios emitidos pelos aliados de Berlusconi no Parlamento, que se dividem entre uma facção mais radical e outra mais conciliadora.

Na quinta-feira, o ministro dos Transportes, Maurizio Lupi, membro do partido Forza Italia, disse que não há um compromisso conjunto da centro-direita sobre renunciar a suas cadeiras parlamentares e consequentemente derrubar o governo.

"A renúncia dos parlamentares é uma decisão que irá depender da consciência de cada indivíduo", disse ele à rádio pública RAI.

Sem citar fontes, o jornal Corriere dela Seera disse que Letta deu um ultimato ao Forza Italia para que pare com suas ameaças. De acordo com o jornal, o centro-esquerdista ligou para o vice-premiê Angelino Alfano, secretário do partido de Berlusconi, e disse: "Angelino, se essa bagunça continuar, eu posso renunciar daqui."

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