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América Latina coronavírus
Parentes de pacientes com Covid-19 fazem fila para recarregar tanques de oxigênio para seus entes queridos no hospital regional de Iquitos, na Amazônia peruana| Foto: Cesar Von BANCELS/AFP

A América Latina se tornou o novo epicentro da pandemia de coronavírus, observou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta sexta-feira (22). A região já registra mais casos diários de Covid-19 do que Estados Unidos e Europa. O Brasil tem o maior número absoluto de casos e mortes, mas Peru e Equador estão com índices piores de óbitos por milhão de habitantes.

Para conter a propagação do vírus, as nações têm adotado estratégias completamente diferentes, indo de uma quase total inação na Nicarágua a medidas tão restritivas que violam as liberdades civis em El Salvador. Confira o que 11 países da América Latina estão fazendo enquanto o mundo observa o avanço da Covid-19 na região.

Argentina

  • Casos: 10.649
  • Mortes: 439
  • Recuperados: 3.530
  • Mortes por milhão: 10

A Argentina fechou suas fronteiras e ordenou uma quarentena total aos seus habitantes em  20 de março, quando o país registrava 128 casos e três mortes por Covid-19.  Segundo a determinação do governo de Alberto Fernández, apenas serviços essenciais como supermercados, postos de combustíveis, farmácias podiam funcionar.

Após pressão de empresários, que alertaram que a quarentena estava levando a já fragilizada economia argentina à beira do colapso, o país começou a flexibilizar o seu confinamento na segunda semana de maio. Porém, a maior parte das restrições permaneceu em vigor para a cidade e a província de Buenos Aires, a região mais afetada pela pandemia, com mais de 93% dos casos registrados. Para reduzir o impacto econômico do isolamento, a Argentina aprovou subsídios, salários adicionais, créditos a empresas e congelamento de preços de serviços essenciais.

O país vizinho viu um crescimento de novos casos nos últimos dias, atribuído à chegada do coronavírus em comunidades carentes e à flexibilização do isolamento na capital. Fernández anunciou neste fim de semana a extensão da quarentena até 7 de junho. Com isso, o país deve ter o confinamento mais longo do mundo, com 80 dias, superando o de Wuhan, que durou 76 dias. Em reação ao aumento das infecções, as restrições serão mais rígidas. A partir da próxima terça-feira, a Argentina vai reforçar os controles de circulação de veículos entre a província de Buenos Aires. Para esta fase atual, foram emitidas oito milhões de permissões para mobilidade para trabalhadores essenciais na região.

Bolívia

  • Casos: 5.579
  • Mortes: 230
  • Recuperados: 575
  • Mortes por milhão: 20

A Bolívia decretou em 22 de março uma quarentena total e obrigatória para conter o avanço do coronavírus. As fronteiras terrestres e fluviais foram fechadas e os voos foram suspensos em 25 de março. Desde então, o transporte público foi suspenso e apenas veículos particulares autorizados podem circular nas áreas de alto risco no país. A partir de segunda-feira (25), a circulação de veículos será flexibilizada.

O decreto determinava que apenas uma pessoa por família poderia sair de casa para comprar alimentos ou outros produtos, entre as 7 horas e meio-dia, de acordo com o número final da cédula de identidade. As punições para quem não cumprir as ordens incluem multas e detenção. O governo interino anunciou que entregaria 1 milhão de cestas básicas para atenuar os efeitos da crise.

O coronavírus chegou à Bolívia em um cenário de instabilidade política. O país é comandado pelo governo interino de Jeanine Áñez, que assumiu depois dos distúrbios que levaram à renúncia do então presidente Evo Morales em outubro passado. As eleições gerais estavam programadas para 3 de maio, mas tiveram que ser adiadas por causa da pandemia.

As mobilizações sociais voltaram em alguns pontos do país, desta vez para protestar contra as medidas de isolamento e pedir pela realização das eleições em um prazo de 90 dias. Os protestos foram incentivados também pelo escândalo da compra superfaturada de respiradores, que terminou com a prisão do ministro da Saúde.

Apoiadores do partido de Evo Morales acusam Jeanine Áñez de usar as medidas de isolamento para permanecer no poder.

Profissionais de saúde também têm protestado contra a falta de equipamentos de proteção nos hospitais, que começam a dar sinais de colapso em algumas regiões.

Chile

  • Casos: 65.393
  • Mortes: 673
  • Recuperados: 26.546
  • Mortes por milhão: 36

Após rápido aumento das infecções pelo novo coronavírus, Santiago e região metropolitana entraram em lockdown em 15 de maio. A medida obriga os cidadãos a permanecerem em casa, a menos que tenham uma permissão especial. Os moradores das regiões afetadas precisam de uma permissão temporária para fazer compras, pagar contas, passear com bichos de estimação ou ir a clínicas.

Bloqueios sanitários proibem a entrada ou saída das comunas em quarentena. Para cruzar essas barreiras, a pessoa precisa de um salvoconduto, entregue apenas em casos de funerais ou consultas médicas. Um toque de recolher entre 22 e 5 horas está em vigor em todo o território chileno. Também está proibido ir para segundas casas em regiões de veraneio, segundo a CNN Chile.

Além disso, o uso de máscaras é obrigatório no transporte público e privado e em lugares fechados com mais de dez pessoas.

A capital chilena registrou protestos e choques entre manifestantes e a polícia no início do confinamento obrigatório. Os moradores dos bairros mais pobres reclamam da falta de comida.

O Chile foi cenário de grandes manifestações no fim do ano passado contra o governo de Sebastián Piñera. As marchas, que protestavam contra a desigualdade no país, viram uma série de confrontos violentos entre manifestantes e polícia.

Para enfrentar os impactos econômicos da crise, a Secretaria Geral de Governo anunciou recentemente que irá distribuir 2,5 milhões de cestas de alimentos e itens básicos para famílias vulneráveis em todo o território.

Colômbia

  • Casos: 20.177
  • Mortes: 705
  • Recuperados: 4.718
  • Mortes por milhão: 14

A Colômbia decretou isolamento obrigatório no dia 25 de março. Na semana passada, o governo de Iván Duque anunciou que a medida será prolongada até pelo menos 31 de maio. O presidente colombiano disse também que atividades econômicas, construção civil, manufatura e comércio serão retomados gradualmente.

Duque também estendeu para 31 de agosto o estado de emergência de saúde, decretado em 12 de março, que proíbe eventos com mais de 50 pessoas, voos internacionais e o trânsito de navios de cruzeiro pelos seus portos. Para mitigar os impactos econômicos, o governo prometeu bilhões em auxílios e garantia de crédito para programas sociais e empresas.

Colégios e universidades continuarão a ter apenas aulas a distância em junho e julho. As universidades começarão a retomar as aulas presenciais em agosto, seguindo um modelo de revezamento.

A Colômbia também enviou militares para as fronteiras com Brasil e Peru, na tentativa de restringir a circulação e evitar a entrada do coronavírus.

A estratégia colombiana rendeu um aumento de aprovação para Iván Duque; uma pesquisa do final de abril mostra que 70% dos entrevistados aprovam a maneira como ele está respondendo à pandemia.

El Salvador

  • Casos: 1.819
  • Mortes: 33
  • Recuperados: 570
  • Mortes por milhão: 5

O presidente Nayib Bukele adotou uma das políticas mais restritivas da região em relação ao coronavírus. Estrangeiros foram proibidos de entrar no país. Os salvadorenhos que queiram regressar ao território precisam ficar 30 dias em quarentena e qualquer pessoa que tentar entrar por "pontos cegos" será presa. Aulas e eventos foram suspensos, bem como consultas eletivas nos hospitais federais. Ir de um município a outro só é possível se for para trabalhar. Ir no dentista? Também não dá, mesmo que seja uma consulta privada. O transporte público foi interrompido. E as pessoas só podem sair de casa para fazer compras essenciais duas vezes por semana em dias determinados de acordo com os últimos números de sua identidade. Preços de itens relacionados à prevenção e tratamento da Covid-19 serão controlados por um órgão do Estado. Essas medidas devem vigorar, pelo menos, até 6 de junho.

Quem desrespeitar a quarentena pode ir preso em um dos centros de contenção - alguns ficam até um mês detidos, sem processo judicial - o que a Suprema Corte do país já julgou ser inconstitucional. Uma reportagem da Associated Press mostrou que em mais de 90 hotéis, centros de convenções e academias alugados, convertidos em abrigos vigiados pela polícia, o governo misturou os doentes com pessoas saudáveis, que esperam semanas para fazer um teste para o coronavírus. Muitos acabam se contaminando no local. Segundo o Instituto de Direitos Humanos da Universidade Centroamericana José Simeón Cañas, esses centros de contenção são "lugares onde os direitos de muitas pessoas à liberdade, saúde e informação foram violados de maneira bastante sistemática. E, em alguns casos, até o direito à vida".

O abuso de poder e as violações aos direitos humanos por parte da presidência geraram uma crise entre Bukele e os outros dois poderes. O presidente estendeu as medidas de quarentena, estipuladas em um decreto emergencial, sem a aprovação do legislativo. O judiciário tentou barrá-lo e o legislativo tentou aprovar uma legislação emergencial menos rigorosa, mas isso não impediu Bukele de continuar emitindo decretos - o mais recente deles em 19 de maio, que estende as medidas restritivas de circulação de pessoas até 6 de junho. El Salvador tem 1.819 casos da doença, 570 recuperados e 33 mortes até este sábado (23). Mais de 70 mil testes foram realizados. A doença está concentrada no departamento de San Salvador, mas há casos em todas as regiões.

Equador

  • Casos: 36.258
  • Mortes: 3.096
  • Recuperados: 3.557
  • Mortes por milhão: 181

O Equador tem o maior número de mortes per capita pela Covid-19 na região, com 181 óbitos por milhão de habitantes. O epicentro da epidemia no país é Guayaquil, a segunda maior cidade equatoriana. Uma força-tarefa formada por policiais e militares precisou ser organizada para recolher os corpos nas casas e hospitais da cidade e enterrá-los, após colapso do sistema funerário da cidade.

O rápido crescimento dos casos no Equador teve relação com a chegada, no fim de fevereiro, de pessoas da Itália e Espanha que não fizeram o isolamento adequado, segundo o presidente Lenín Moreno.

Para tentar frear os contágios, o governo equatoriano decretou, em 17 de março, estado de exceção, com toque de recolher e multas a quem desrespeitasse as restrições de circulação. Os equatorianos só podiam sair de casa para comprar itens essenciais.

O confinamento foi estendido até 31 de maio em mais da metade do país, que trabalha com um sistema de "semáforo" que indica o grau de risco em cada município e serve para determinar quais atividades podem ser retomadas. Nas regiões "vermelhas", o trabalho presencial não essencial e as aulas estão suspensos, e um toque de recolher de 15 horas diárias proíbe a circulação de veículos e pessoas.

A pandemia deve atingir fortemente e economia do Equador. Moreno calcula que a crise aumentará o déficit do país para US$ 12 bilhões até o final do ano (US$ 8 bilhões devido às perdas causadas pela pandemia e US$ 4 bilhões pelo déficit acumular), noticiou o jornal local El Comercio.

O Equador não conhece a sua cifra real de mortos pela Covid-19, já que há fortes indícios de que a subnotificação seja alta no país. Segundo Moreno, a OMS exige que os números de óbitos informados sejam de pessoas que passaram por testes para diagnosticar a doença, mas as circunstâncias em Guayaquil impossibilitam que esse número seja conhecido.

México

  • Casos: 62.527
  • Mortes: 6.989
  • Recuperados: 42.191
  • Mortes por milhão: 55

Depois de 60 dias em quarentena, o México está se planejando para voltar "a uma nova normalidade". As medidas impostas para conter a propagação do coronavírus devem ser retiradas gradualmente no próximo sábado (30) e atividades poderão ser retomadas nos setores automotivo, de mineração e construção. Porém, o governo divulgou orientações que continuarão em vigor para o controle da epidemia. Elas funcionarão em esquema das cores (vermelho, laranja, amarelo e verde) e categorias (medidas de saúde pública e trabalho, trabalhos essenciais e não-essenciais, espaços públicos e atividades escolares) e serão adotadas de maneira diferente pelas localidades, a depender do número de contágios. Por exemplo, se a uma determinada localidade for designada a cor vermelha, só as atividades essenciais serão permitidas. Na cor verde, não haverá restrições de nenhum tipo, mantendo-se apenas as medidas preventivas, como a higienização das mãos.

O presidente Andrés Manuel López Obrador diz que o México conseguiu "domar" o coronavírus, mas o país vive um momento em que os casos da Covid-19 estão aumentando exponencialmente, apesar da baixa quantidade de testes que vem sendo realizada (1.567 por milhão de habitantes - metade do que o Brasil vem fazendo). O país já registrou 62.527 casos, 6.989 mortes e 42 mil pacientes recuperados. Nos últimos dois dias, mais de 800 faleceram por causa da Covid-19.

A quarentena, porém, não parou a violência por lá. Nos primeiros quatro meses do ano, 11.535 assassinatos foram registrados, em comparação com 11.266 homicídios no mesmo período do ano passado, segundo dados preliminares do Ministério de Segurança Pública e Proteção ao Cidadão. Casos de agressão e extorsão a enfermeiros também foram registrados e noticiados pela imprensa.

Nicarágua

  • Casos: 279
  • Mortes: 17
  • Recuperados: 199
  • Mortes por milhão: 3

Na Nicarágua, o ditador Daniel Ortega adotou uma postura praticamente oposta a El Salvador. Ignorou a doença nos primeiros meses, chegou a ficar 34 dias sem aparecer em público durante a pandemia e só no fim de abril resolveu adotar medidas brandas para evitar o contágio da Covid-19, após críticas da comunidade internacional. Desde o início deste mês, os nicaraguenses foram instruídos a adotar distanciamento social, pontos de higienização das mãos foram instalados em cidades e locais públicos, como ônibus do transporte público, estão sendo higienizados.

Na semana passada, a Nicarágua registrou um grande aumento de casos de coronavírus, passando de 25 a 279 casos. A imprensa independente e ONGs de direitos humanos, porém, estimam que o número de casos seja muito maior do que o que vem sendo repassado pelo governo. O mesmo acontece com o número de mortes. O jornal La Prensa entrevistou médicos que afirmam que as cifras de mortes por pneumonia estão muito acima do normal e suspeitam que essa diferença seja causada pela pandemia. O governo de Ortega admite apenas 17 mortes pela Covid-19, mas a imprensa tem relatado "enterros express" de pessoas que provavelmente morreram devido ao coronavírus, por causa da pressa das autoridades em enterrá-las e pelas medidas de segurança adotadas pelos funcionários que transportam os corpos.

Paraguai

  • Casos: 850
  • Mortes: 11
  • Recuperados: 298
  • Mortes por milhão: 1

O Paraguai, em quarentena desde 11 de março, está tendo sucesso em conter as transmissões do novo coronavírus em seu território. Entre as medidas adotadas, estão a suspensão das aulas e a proibição de aglomerações.

O presidente paraguaio Mario Abdo Benítez anunciou que a fase 2 da chamada "quarentena inteligente" terá início na segunda-feira (25) e estará em vigor até 15 de junho. Ele comemorou o fato de não haver doentes de Covid-19 nas unidades de terapia intensiva dos hospitais paraguaios.

O jornal local ABC Color relatou que ainda há confusão a respeito das novas regras, já que há aparentes contradições na liberação ou proibição de certas atividades, como as práticas de esportes.

Na segunda fase do plano paraguaio, segundo o ABC Color, lojas com menos de 800 metros quadrados poderão ser reabertas com limite de clientes. Os esportes profissionais voltarão, ainda sem público, assim como eventos culturais. Batismos e casamentos poderão ser celebrados com participação de padrinhos e de cinco a dez fiéis por evento. Missas e cultos religiosos continuarão a ser feitos a portas fechadas e transmitidos pela internet.

Continuarão proibidos no país a permanência em restaurantes, bares e praças de alimentação de shopping centers; aulas de dança; passeios de lancha; visitas a familiares no interior do país; velórios; e a prática de natação, tênis, futebol amador, entre outros.

Marito reiterou que as fronteiras do Paraguai continuarão fechadas, principalmente por causa da situação epidemiológica atual do Brasil. Mais de 77% dos casos registrados no Paraguai vieram do exterior, a maioria deles do Brasil.

Peru

  • Casos: 115.754
  • Mortes: 3.373
  • Recuperados: 47.915
  • Mortes por milhão: 105

O Peru está entre os países da região que adotou quarentena para a toda a população. Em 15 de março, o presidente Martín Vizcarra decretou estado de emergência, fechando fronteiras, proibindo a entrada de estrangeiros e ordenando que as pessoas ficassem em casa. Um toque de recolher foi estabelecido em todo o país, das 20h às 5h, exceto para o pessoal que trabalha em serviços essenciais. Todos os serviços não essenciais foram paralisados até o começo de maio. Aulas presenciais também foram suspensas.

Na semana passada, o governo amuniciou que estenderá a quarentena até o fim de junho, mas diminuindo algumas restrições, como o toque de recolher, que passará a ser das 9h às 4h a partir de segunda-feira (25). Nas regiões mais atingidas pela pandemia, porém, as pessoas não devem sair de casa das 18h às 4h. Alguns negócios, como cabeleireiros, eletricistas e varejistas de e-commerce, poderão voltar às atividades a partir do dia 25. Empresas de mineração, pesca e construção já foram autorizadas a reabrir em maio.

Mas apesar das medidas de confinamento, o Peru é o segundo país da América Latina com maior número de casos de Covid-19 e o segundo com maior número de mortes por milhão de habitantes. Modelos de projeção estimam que o país ainda não chegou no auge de contágios, enquanto médicos alertam para a falta de leitos de UTI nos hospitais.

Uruguai

  • Casos: 753
  • Mortes: 20
  • Recuperados: 603
  • Mortes por milhão: 6

O Uruguai é uma exceção na região, por conseguir frear a disseminação do vírus sem confinamento rígido. O governo de Lacalle Pou evitou a quarentena obrigatória e contou com a responsabilidade dos cidadãos, mas não negligenciou a crise. A estratégia tem sido bem sucedida até o momento, já que a curva de contágios está estabilizada e a taxa de mortalidade está relativamente baixa.

Especialistas apontam a rapidez da tomada de decisões para o sucesso do nosso vizinho ao sul. No dia em que o vírus chegou ao Uruguai, 13 de março, o governo decretou emergência de saúde e estabeleceu as primeiras medidas para conter a pandemia: as fronteiras foram fechadas, as aulas foram suspensas, foram proibidos eventos com aglomeração de pessoas, comércio e atividades não essenciais foram fechados e viajantes de áreas de risco passavam por quarentena obrigatória. Mas o governo apenas recomendou, e não obrigou, que os uruguaios ficassem em casa.

A população atendeu ao pedido. Segundo dados do Google Mobility divulgados pela imprensa local, o movimento caiu 75% em cafés, teatros e centros comerciais, e 79% em parques, praças e praias no fim de março.

Ações para diminuir os impactos econômicos da pandemia incluíram o adiamento do pagamento de impostos e aumento de linhas de crédito e empréstimos para empresas. A Câmara dos Deputados uruguaia também aprovou a redução de 20% do salário do presidente, ministros, parlamentares e outros funcionários públicos, o que ajudou a levantar mais de U$ 12 milhões para o Fundo Coronavírus.

Com a estabilização dos contágios, o Uruguai começou a retomar as suas atividades econômicas no começo de maio. A volta às aulas será feita em etapas a partir de 1º de junho.

Venezuela

  • Casos: 944
  • Mortes: 10
  • Recuperados: 262
  • Mortes por milhão: 0,3

A ditadura venezuelana tem exaltado o seu baixo número de casos e mortes por Covid-19 – até o sábado (23), dez pessoas morreram por causa do novo coronavírus no país, segundo os números oficias. No entanto, o regime de Nicolás Maduro é alvo frequente de críticas por sua falta de transparência.

A situação da Venezuela antes da pandemia já era de profunda crise econômica e política. Sob a ditadura chavista, os venezuelanos já enfrentavam hiperinflação, escassez de itens essenciais, quedas de energia e precariedade no sistema de saúde. A crise foi agravada com as medidas de isolamento social, que afetaram a distribuição de alimentos no país, já prejudicada pela falta de combustível.

Moradores de vários pontos do país têm protestado contra a falta de alimentos. Houve saques, confrontos com a polícia e pelo menos uma morte durante distúrbios no final de abril.

Durante este fim de semana, a Venezuela deve anunciar como será a próxima fase do plano para conter as infecções. O país tem colocado a culpa pelos novos contágios em "casos importados da Colômbia e do Brasil". Na sexta-feira, o ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, alegou que a Venezuela "é o único país que recebeu 47.123 pessoas provenientes de outros países fugindo da xenofobia".

Desde abril, centenas de venezuelanos que haviam fugido da crise em sua terra natal decidiram voltar à Venezuela. Refugiados que viviam na Colômbia ficaram sem outra opção depois que os trabalhos informais, que lhes garantiam renda, sumiram devido às medidas de isolamento decretadas pelo governo de Iván Duque.

* Os números de casos, mortes e recuperados de Covid-19 foram coletados no sábado (23) da plataforma da Universidade Johns Hopkins que compila os dados oficiais globais da pandemia.

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