A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, demonstrou hoje preocupação com o tratamento discriminatório recebido por imigrantes latino-americanos na Europa. A líder falou durante a cerimônia inaugural da VI Cúpula União Europeia-América Latina e Caribe, realizada em Madri.
"Os países europeus mais desenvolvidos colocam o imigrante como um adversário, um inimigo, a quem se deve separar da sociedade, apesar de que todos sabemos que realizam um trabalho que os cidadãos desses países não estão dispostos a desempenhar", afirmou Cristina, representando o bloco latino-americano.
A imigração se converteu em principal ponto de debate na declaração final da cúpula. O rascunho do documento, obtido pela Associated Press, não inclui referências a Cuba nem ao novo governo hondurenho do presidente Porfirio Lobo. Mas pede respeito aos direitos humanos dos imigrantes dos dois lados do Atlântico e a perseguição de organizações criminosas dedicadas ao tráfico de pessoas.
A América Latina foi uma das vozes mais críticas contra a diretiva europeia de retorno, um texto aprovado em 2008 pelos 27 países da UE, que permite a retenção de imigrantes sem documentos durante 18 meses. "Peço com humildade que se evitem sanções e leis discriminatórias contra a imigração porque, nos momentos de crise econômica, as sociedades tendem a encontrar responsáveis pela crise em diversas comunidades, como (se fossem) os causadores de seus problemas", disse Cristina.
A presidente argentina fez também um pedido para que se aborde o problema do protecionismo em todas as suas formas, tarifárias, com subsídios, promoções fiscais ou promoção de exportações, que criam barreiras nem sempre visíveis.
Democracia
Já o presidente peruano, Alan García, disse que a mensagem da cúpula "será de democracia, consagrando os direitos da representação popular, da divisão dos poderes, da imprensa, dos partidos e das eleições livres em cada um de nossos povos". "Estamos construindo as bases de um mundo distinto e melhor. Nessa hora de crise que sacode o mundo, reivindicamos a democracia, a integração e a cooperação."
O primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, celebrou os acordos concretos em matéria comercial com Peru e Colômbia no discurso de boas-vindas da cúpula, na qual participam 60 países latino-americanos e europeus. A Espanha ocupa a presidência rotativa da UE.
Zapatero prometeu que manterá relações com a América Latina "no nível de ambição que nos exigem os tempos e que exigem os cidadãos". Ele citou o auxílio ao Haiti após o violento terremoto no país em janeiro como um exemplo da cooperação bem-sucedida entre as nações.