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O Itamaraty informou na tarde desta segunda-feira que as autoridades americanas continuam trabalhando para identificar o corpo encontrado na residência de Benilda Caixeta, 57 anos, em Nova Orleans. Segundo o diretor do Departamento de Brasileiros Residentes no Exterior, Manoel Gomes Pereira, como Benilda perdeu a cidadania brasileira há 14 anos (há mais de 20 ela se naturalizou americana), a responsabilidade das investigações, inclusive a remoção do corpo - caso se confirme que é realmente o dela - ficará por conta do governo dos Estados Unidos.

Benilda se transferiu para os EUA no fim dos anos 70, a convite do ex-presidente Jimmy Carter, que lhe ofereceu tratamento para uma doença que a deixou tetraplégica. Como até a Constituição de 1988 não era possível ter duas cidadanias, em 1980 ela deixou de ser cidadã brasileira. Mas Pereira esclareceu que o Itamaraty está pronto a ajudar no que for possível à família dela, que é brasileira.

- Primeiro, precisamos identificar se o corpo era mesmo da senhora Benilda. Um dos meios que estão sendo usados para isso é o exame da arcada dentária - disse Pereira, que não soube precisar quando os exames serão concluídos.

Segundo Pereira, o O governo americano solicitou nesta segunda-feira ao Itamaraty que peça à família de Benilda radiografias de sua arcada dentária.

Ele informou também que ontem uma missão de diplomatas brasileiros baseados nos EUA partiu para Baton Rouge, em Louisiana, para tentar contatos mais estreitos com brasileiros que se encontram em Nova Orleans. É o lugar mais perto daquela cidade onde uma missão brasileira chegará depois do furacão Katrina.

- Só havíamos chegado ao Texas e à Flórida. Não tínhamos qualquer acesso, muito menos hospedagem - disse o diplomata.

A família da brasileira espera ansiosa por novas informações do Itamaraty. Até às 17h47m, nenhum funcionário da chancelaria havia entrado em contato com a irmão de Benilda, Maria José Caixeta, que foi informada da decisão americana sobre a equipe do Globo Online.

Antes mesmo da confirmação de que as investigações sobre o desaparecimento de Benilda ficariam a cargo do governo americano, Maria José já havia se mostrado desanimada com o rumo do caso.

- Depois que vi na televisão que talvez os EUA não dêem prioridade ao caso, não estamos aguentando mais ver reportagens sobre a Benilda. Minha mãe, que tem 79 anos, não pode mais pensar na situação - desabafou Maria José.

Mais cedo, outro irmão de Benilda, Altair Carlos Caixeta, havia contado que passara informações sobre as características físicas da brasileira, na esperança de facilitar o reconhecimento do corpo.

- Estamos aguardando um telefonema do consulado para saber que procedimentos tomar, porque ela também tinha cidadania americana. O que sei é que enviaram uma delegação de Houston a Nova Orleans - contou Altair Carlos Caixeta, irmão de Benilda, por telefone na manhã desta segunda-feira.

Ele disse ainda que passou à delegação informações sobre particularidades físicas de sua irmã.

- Nós informamos algumas de suas características físicas, como a existência de uma cicatriz no braço esquerdo, para que facilitar o reconhecimento - afirmou Altair.

No início da tarde, o cônsul do Brasil em Houston, Carlos Pimentel, informou que dois mil brasileiros estavam na região de Nova Orleans quando houve a passagem do furacão Katrina. Dos cem pedidos de localização feitos ao Itamaraty, 78 foram bem sucedidos.

O caso de Benilda é o único entre os desaparecidos que vem sendo acompanhado pelas autoridades brasileiras. A família espera ansiosa por notícias.

- É importante acabar com a dúvida e deixar que só uma dor permaneça, se for o caso - afirmou a irmã de Benilda, Maria José Caixeta, em entrevista ao "Jornal Hoje".

Neste domingo, foi encontrado o corpo de uma mulher no apartamento em que Benilda morava em Nova Orleans. Ainda não há confirmação se o corpo seria o da brasileira.

Segundo o programa 'Fantástico', da TV Globo, o corpo encontrado no apartamento de Benilda era de uma mulher branca e de cabelo escuro, descrição que condiz com a da mineira. Ao lado dele, foi achada uma cadeira de rodas.

A notícia de que um corpo havia sido encontrado no apartamento da brasileira foi dada no domingo pelo Ministério das Relações Exteriores. O Itamaraty pediu que o Consulado brasileiro em Houston acompanhe o trabalho de identificação do corpo.

"A DAC foi informada de que pessoas haviam entrado na residência da senhora Caixeta. O MRE instruiu imediatamente o Consulado-Geral em Houston para que entre em contato com as instituições e órgãos competentes norte-americanos com vista à urgente identificação do corpo lá encontrado e que envie rapidamente um funcionário para acompanhar esse trabalho", afirmou o ministério em nota oficial.

Benilda mora sozinha em um apartamento no andar térreo totalmente adaptado para sua deficiência física. Em agosto de 1977, após tratamento frustrado no Brasil, ela foi a Washington para tentar se curar do que a família descreve como "paralisia no crescimento dos nervos do corpo", uma doença que estava afetando todos os seus movimentos.

Já em Nova Orleans, depois de uma cirurgia mal-sucedida, o quadro da mineira que tem cidadania americana evoluiu à paraplegia e, após algum tempo, à tetraplegia. Apesar da doença, Benilda preferiu fixar residência nos EUA.

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