Cobertura do Haiti
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Mais de 200 mil mortos
Agência Estado
O número de mortos pelo terremoto do dia 12 de janeiro no Haiti passou de 200 mil, afirmou o primeiro-ministro haitiano, Jean-Max Bellerive, na quarta-feira. Há protestos no país, por causa da demora na chegada da ajuda para as vítimas.
Mais de três semanas após o terremoto, de magnitude 7,0 na escala Richter, Bellerive disse que o pequeno país caribenho foi atingido por "um desastre em escala planetária". "Há mais de 200 mil pessoas que foram claramente identificadas como mortas", afirmou ele em entrevista. Bellerive disse que mais de 300 mil feridos receberam tratamento. Além disso, 250 mil casas foram destruídas e 30 mil negócios, perdidos.
Pelo menos 4 mil amputações foram realizadas, por causa dos sérios ferimentos causados pelos desabamentos. Bellerive disse que propôs a formação de um "governo de emergência" no Haiti para lidar com a crise. Ele insistiu, apesar disso, que as autoridades estão "no controle da situação", apesar das muitas baixas entre funcionários públicos pelo terremoto.
Apesar de uma grande operação de ajuda estar em andamento, há problemas com a coordenação. Também a grande extensão dos estragos atrapalha a distribuição de comida e água, gerando tensão entre os 1 milhão de desabrigados.
Washington enviou aproximadamente 20 mil soldados para a operação de auxílio. O vice-diretor da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID), Anthony Chan, disse entender o descontentamento da população após o desastre. "Nós estamos fazendo o melhor que se pode esperar", garantiu.
Dez norte-americanos detidos no Haiti, após tentarem sair do país com 33 crianças sem documentos, foram acusados ontem de sequestro de menores. O indiciamento dos cidadãos dos Estados Unidos, em sua maioria missionários de uma igreja batista de Idaho, foi confirmado pelo advogado haitiano Edwin Coq, que defende os detidos. Segundo ele, os norte-americanos também foram acusados de associação para delinquir.
Os norte-americanos foram levados a um tribunal fechado num cárcere em Porto Príncipe. Uma das americanas, Laura Silsby, agitou a mão e sorriu para os jornalistas, mas negou-se a responder perguntas. Nos últimos dias, Silsby, que lidera o grupo, afirmou que a igreja tentava levar órfãos abandonados para um orfanato em construção na República Dominicana. Ela reconheceu que o grupo não tinha os documentos das crianças, mas alegou que a intenção era ajudá-las. Funcionários haitianos disseram que muitas das crianças têm pais vivos no Haiti.
Coq disse que sob o sistema judiciário do Haiti não haverá um julgamento aberto ao público, mas que um juiz irá analisar as provas. "O veredicto poderá demorar três meses", afirmou. Coq disse ainda ter escutado de um funcionário haitiano que os norte-americanos foram acusados porque tinham as crianças sob seu poder.
Nenhuma fonte do governo haitiano deu declarações. Cada condenação por sequestro pode significar uma sentença de prisão de cinco a 15 anos no Haiti. Já uma condenação por associação para delinquir pode significar uma sentença de três a nove anos de prisão.
O porta-voz do Departamento de Estado do governo americano, P.J. Crowley, disse que Washington monitora a questão e que o governo americano está aberto a "discutir outras saídas legais" para os acusados uma aparente referência à sugestão feita pelo primeiro-ministro do Haiti, Jean-Max Bellerive, no começo desta semana, de que o grupo possa ser julgado nos EUA. "Mas agora a questão está com o sistema judiciário do Haiti. Nós respeitamos isso", afirmou Crowley.
Os missionários negam as acusações de tráfico infantil, e dizem que a intenção era apenas ajudar as crianças.
Ontem, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse considerar "lamentável" que os americanos tenham "assumido as coisas com as próprias mãos" e garantiu que Washington mantém "discussões com o governo haitiano sobre a disposição apropriada do caso deles".
O ex-presidente dos EUA e marido de Hillary, Bill Clinton, anunciou que vai viajar amanhã ao Haiti para coordenar esforços de ajuda àquele país e para se reunir com dirigentes do país caribenho.
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