O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou nesta terça-feira que levar adiante o acordo com o Irã, mediado por Brasil e Turquia, é a melhor forma de garantir que o país não continuará a enriquecer de urânio.
Para o chanceler, o fato de o Irã ter anunciado que manteria seu processo de enriquecimento de urânio a 20 por cento, após ser divulgado o acordo intermediado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não enfraquece o compromisso firmado pelo país.
Ignorar o acordo, segundo o chanceler, representa uma atitude de desprezar uma solução pacífica.
"Esta é a primeira vez que o Irã aceita, por escrito, a proposta, sem condicionalidades", disse em entrevista Amorim, que esteve com Lula em Teerã. "Está é a porta de entrada para um processo de discussão mais ampla."
O chanceler acrescentou que a maior garantia de que não está havendo um desvio do programa nuclear iraniano para atividades militares seria a presença de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) no Irã, e isto está "garantindo implicitamente" no acordo.
"Todos os pontos que eram considerados essenciais para esse acordo para troca de urânio, que era considerado o passaporte para uma solução negociada e pacífica, foram preenchidos", afirmou Amorim, acrescentando que o governo iraniano se comprometeu a escrever uma carta à AIEA formalizando os termos do acordo.
Brasil e Turquia assinaram com o Irã, no fim de semana, um acordo pelo qual a República Islâmica enviará 1.200 quilos de seu urânio de baixo enriquecimento em troca de 120 quilos de combustível nuclear para um reator de pesquisas médicas em Teerã.
Novas Sanções
O objetivo do acordo era acalmar as potências globais e afastar a imposição de novas sanções ao país.
No entanto, um esboço de resolução com novas sanções do Conselho de Segurança da ONU, obtido pela Reuters nesta terça-feira, pede a expansão de medidas punitivas contra o Irã e instituições do país pela recusa em interromper as atividades nucleares.
"Temos uma chance, sim, para uma solução pacífica e negociada. Aqueles que desprezarem esta chance, ou que acharem que através de sanções e outras medidas chegam mais perto, eles assumirão suas responsabilidades", alertou o ministro.
Amorim afirmou ainda ver "avanços notáveis" no impasse nuclear iraniano, acusado pelas potências ocidentais de ser um disfarce para a produção de armas nucleares, o que Teerã nega.
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